O presidente da câmara da cidade ucraniana sitiada de Mariupol, Vadym Boichenko, avisou hoje que as pessoas que estão retidas na fábrica siderúrgica Avozstal estão a ficar sem comida e água e não conseguirão resistir por muito mais tempo.
Boichenko descreveu a situação no complexo fabril siderúrgico - que é o último reduto da resistência ucraniana em Mariupol e onde se encontram muitos civis - como "um inferno".
Esta instalação da época soviética tem uma vasta rede subterrânea de 'bunkers' capazes de resistir a ataques aéreos, mas a situação está a tornar-se cada vez mais difícil após as forças russas terem lançado uma série de ataques com bombas e munições não guiadas.
"Os moradores que conseguem deixar Mariupol dizem que é um inferno, mas quando saem desta fortaleza, dizem que é pior", explicou Boichenko, acrescentando que a capacidade de resistência das pessoas ainda retidas no complexo fabril apenas poderá durar mais "umas horas".
Citado pelas agências internacionais, o autarca admitiu ter esperança num possível futuro cessar-fogo que permita que as pessoas que estão dentro da fábrica Avozstal consigam sair em segurança.
A Rússia ofereceu recentemente uma trégua que foi rejeitada pelos ucranianos, que alegaram que Moscovo tinha desrespeitado outros acordos no passado.
Ao chegar na quarta-feira a Kiev, o secretário-geral da ONU, António Guterres, disse que a prioridade mais imediata no conflito da Ucrânia é criar condições para salvar os civis que se encontram retidos na fábrica metalúrgica Azovstal em Mariupol (leste), sitiada pelo exército russo desde o início da guerra e frequentemente caracterizada como a "cidade mártir".
A Rússia lançou em 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia que já matou cerca de três mil civis, segundo a ONU, que alerta para a probabilidade de o número real ser muito maior.
A ofensiva militar causou a fuga de mais de 12 milhões de pessoas, das quais mais de 5,4 milhões para fora do país, de acordo com os mais recentes dados da ONU.
A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas e políticas a Moscovo.