O mercado de automóveis usados sofreu em abril a primeira queda no ano, segundo dados revelados esta sexta-feira pelo Barómetro do Standvirtual e da ACAP.
Desde janeiro que as vendas de usados ultrapassavam, sistematicamente, os dados do ano anterior, em março chegaram mesmo a superar o mês homólogo de 2019, no pré-pandemia.
Abril quebrou esta tendência. A transferência de propriedade de ligeiros de passageiros caiu 7%, face ao mesmo mês de 2021, e desceu 12% face a abril de 2019.
Ainda segundo o Barómetro do Standvirtual e da ACAP, os veículos importados também diminuíram em abril.
Preços sobem, mas pouco
O preço médio dos usados mantém a “tendência de crescimento ligeiro mas estável” e fixou-se nos 21.800 euros.
Este crescimento é considerado “menos intenso do que o verificado em meados de 2021, período após o qual os preços continuaram a aumentar, mas de forma menos acelerada”.
Os consumidores procuram sobretudo carros abaixo dos 10 mil euros (45%). Nos restantes patamares de preços observa-se uma ligeira descida mas as vendas mantêm-se estáveis, cerca de 15% a 20% do share de procura visa carros entre 10 a 20 mil euros, entre 20 e 30 mil euros e acima de 30 mil euros.
Por tipo de combustível, o diesel (62%) é o mais procurado nos veículos usados do Standvirtual, seguido pela gasolina (29%). Destaque ainda para os veículos eletrificados, com a procura a subir gradualmente, até 10%.
Segundo a ACAP, em maio verifica-se um decréscimo de 24,2% no total do mercado automóvel, face ao período homólogo.
As energias alternativas (veículos eletrificados e híbridos GPL) representaram cerca de 37% do mercado, com uma duplicação de quota de mercado face ao mesmo mês de 2021.
Henrique Sánchez, presidente da UVE, diz que atualmente há dois grandes desafios no sector, a atual falta de veículos e a falta de informação: “falar sobre veículos elétricos, mobilidade elétrica, rede e eficiência de carregamento, diferencial de custos entre gasolina, gasóleo e elétrico, benefícios fiscais e incentivo à aquisição”.
Defende ainda que “a rede pública de carregamento tem de crescer muito rapidamente”, mas não só, “também é necessário o aumento de potência dos postos e a multiplicação dos postos e multicarregadores por localização”.
Daniel Seixas, CEO da Byrd, sublinha que com a guerra na Ucrânia, comprar carro elétrico passou a ter como objectivo a poupança e não a ecologia. Os vendedores continuam a reflectir nas questões práticas, como “quem vive num apartamento e como pode carregar”.
Por outro lado, “enquanto vendedores de usados, sentimos que o maior problema é o medo da durabilidade das baterias, algo que atualmente já sabemos que podem durar até cerca de 20 ou 30 anos.” Por fim, defende que “É importante que existam benefícios e ajudas tanto para elétricos novos como para elétricos usados”.