O ministro dos Negócios Estrangeiros teve vários encontros com representantes de países vizinhos do Afeganistão durante esta semana em Nova Iorque, para discutir o apoio internacional e como se podem "impedir efeitos negativos" sobre a Europa.
Augusto Santos Silva disse, em declarações à Lusa, que durante a visita de trabalho a Nova Iorque, iniciada a 18 de setembro e que termina esta sexta-feira, teve reuniões bilaterais com Catar, Paquistão e Irão.
"Foi uma das minhas preocupações essenciais durante esta semana falar com países vizinhos do Afeganistão para perceber primeiro, como é que nós poderemos apoiar o Afeganistão, segundo como é que nós podemos apoiar os países vizinhos do Afeganistão", disse o ministro à agência Lusa.
Em terceiro lugar, as reuniões bilaterais analisaram também como é que a comunidade internacional pode "impedir efeitos negativos sobre a vizinhança e sobre a Europa, com a mudança de regime em Cabul".
O Afeganistão foi um dos temas centrais da semana do debate geral na 76.ª sessão da Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), em Nova Iorque, iniciado na última terça-feira e que se prolonga até segunda-feira.
Os porta-vozes do secretário-geral da ONU, António Guterres, indicaram hoje à imprensa que a representar Afeganistão e a dar o discurso, como todos os outros Estados-membros, na Assembleia Geral, na segunda-feira, estará Ghulam Isaczai, o ainda representante permanente do país junto da ONU, apesar da mudança de regime que deveria apontar novo responsável.
O Ministro dos Negócios Estrangeiros português acrescentou ter tido reuniões com representantes de países africanos, que representam relações "muito fortes" e que são "parceiros em regiões que nos merecem a maior atenção".
Por exemplo, África do Sul, Ruanda, Níger - "um país importante no Sahel, por sua vez região muito importante para Portugal" por diferentes razões -, Argélia, que tem um novo ministro dos Negócios Estrangeiros, e o Egito.
"Com a delegação portuguesa a ser presidida pelo Presidente da República", acrescentou ainda Santos Silva, realizaram-se também reuniões com outros países africanos, como República Democrática do Congo e Gana.
Augusto Santos Silva disse que "há sempre uma dimensão bilateral" nos encontros, como aconteceu na reunião com o Quénia, onde os temas principais foram a preparação da visita de Estado do Presidente Uhuru Kenyatta a Portugal e pela preparação da Conferência da ONU dos Oceanos, que os dois países organizam e que se realiza em junho do próximo ano, em Lisboa.
Mas em vários outros casos, é a avaliação da respetiva situação regional que domina a agenda dos encontros, disse.
Augusto Santos Silva também teve uma reunião com a ministra dos Negócios Estrangeiros da Austrália, para a qual considerou que as relações bilaterais são "excelentes", mas foi preciso esclarecer os acontecimentos que levaram à assinatura de um pacto com Estados Unidos e Reino Unido (chamado AUKUS) de Defesa contra a China, que estragou um acordo anterior entre França e Camberra sobre compra de submarinos e provocou uma crise diplomática.
Singapura foi outro ponto de paragem na agenda do ministro português em Nova Iorque, sendo "um dos países com os quais Portugal tem uma convergência muito consistente".