Dois sismos de magnitude 4.4 e 4.1 na escala de Richter abalaram esta segunda-feira os Açores, no espaço de três minutos.
Segundo os dados do Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA), os dois abalos foram registados às 16h44 e 16h47 na região da Serra de Santa Bárbara, no concelho de Angra do Heroísmo, extremo oeste da ilha Terceira, no Grupo Central do arquipélago.
Foi ainda registado duas outros sismos, às 16h53 e 17h18, com magnitudes de 2.2 e 2.5, na mesma região.
"De acordo com a informação disponível até ao momento, os sismos foram sentidos com intensidade máxima V (Escala de Mercalli Modificada) nas freguesias da zona oeste da ilha Terceira.
Os eventos foram ainda sentidos com intensidade IV/V na zona leste da ilha Terceira e com intensidade II/III no concelho de Ponta Delgada (ilha de São Miguel)", adiantou o CIVSA.
Segundo fonte do Serviço Regional de Proteção Civil e Bombeiros dos Açores, não há registo de danos.
Desde 24 de junho de 2022 que a atividade sísmica no vulcão de Santa Bárbara, na ilha Terceira, se encontra "acima dos valores normais de referência", com o nível de alerta científico V2 (possível reativação do sistema - sinais de atividade moderada).
Foram hoje instaladas duas estações de GNSS (sistema de navegação por satélite), para monitorizar a deformação de terrenos na ilha.
Segundo o responsável pelo gabinete de crise do Instituto de Investigação em Vulcanologia e Avaliação de Riscos (IVAR) da Universidade dos Açores, João Luís Gaspar, a atividade sísmica do vulcão de Santa Bárbara tem registado "picos de libertação de energia", mas o alerta sismovulcânico mantém-se em V2, por não haver alterações significativas de outros parâmetros.
"Mantivemos até agora o nível V2 porque a transição para o nível V3, como aconteceu em São Jorge, é de certa maneira determinada pela ocorrência de mais do que um parâmetro a variar significativamente no mesmo tempo e na mesma zona. Não é o que aconteceu aqui na Terceira. As variações que temos são muito pouco significativas e, a manter-se assim, manter-se-á também o nível de alerta", adiantou João Luís Gaspar, à margem da instalação das estações GNSS.
Segundo a escala de Richter, os sismos são classificados segundo a sua magnitude como micro (menos de 2,0), muito pequenos (2,0-2,9), pequenos (3,0-3,9), ligeiros (4,0-4,9), moderados (5,0-5,9), forte (6,0-6,9), grandes (7,0-7,9), importantes (8,0-8,9), excecionais (9,0-9,9) e extremos (quando superior a 10).
A escala de Mercalli Modificada mede os "graus de intensidade e respetiva descrição".
Com uma intensidade V, considerada forte, o abalo é "sentido fora de casa, pode ser avaliada a direção do movimento, as pessoas são acordadas, os líquidos oscilam e alguns extravasam, pequenos objetos em equilíbrio instável deslocam-se ou são derrubados", revela o Instituto do Mar e Atmosfera (IPMA) na sua página da Internet.
Neste grau, "as portas oscilam, fecham-se ou abrem-se, os estores e os quadros movem-se" e "os pêndulos dos relógios param ou iniciam ou alteram o seu estado de oscilação".
Quando há uma intensidade IV, considerada moderada, "os objetos suspensos baloiçam, a vibração é semelhante à provocada pela passagem de veículos pesados ou à sensação de pancada duma bola pesada nas paredes, os carros estacionados balançam, as janelas, portas e loiças tremem, os vidros e loiças chocam ou tilintam e na parte superior deste grau as paredes e as estruturas de madeira rangem".
[atualizada às 19h40]