O director da Unidade de Combate ao Cibercrime da Polícia Judiciária avisou hoje que o ciberataque lançado na sexta-feira contra vários países, incluindo Portugal, é "persistente e de grande dimensão", desconhecendo-se ainda a sua origem.
"Não se sabe a origem. É algo que estamos a apurar", disse à agência Lusa Carlos Cabreiro, referindo que o ataque se processou através da distribuição maciça de ‘malware’ (‘software’ que se infiltra num computador alheio de forma ilícita, causando danos, alterações ou roubo de informações) e foi sentido a partir da última sexta-feira.
Segundo aquele director da Polícia Judiciária, o ciberataque, feito através de e-mail com um ‘link’ que infecta o computador, foi "dirigido essencialmente a empresas de telecomunicações ou com alguma projecção", mas qualquer pessoas que tenha interacção com empresas e particulares também pode ser infectado, ajudando a generalizar o ataque informático.
Carlos Cabreiro notou que algumas empresas conceituadas, que dispõe de engenheiros informáticos próprios, estão a analisar o nível de impacto e a tomar medidas para lidar com o problema e que a Unidade de Combate ao Cibercrime da PJ está a cooperar com o Centro Nacional de Cibersegurança e com a própria Europol no sentido de serem tomadas todas "as precauções" possíveis para enfrentar o ciberataque, cujo grau de sofisticação é "difícil de medir", embora seja "persistente e de grande dimensão".
O ciberataque lançado na sexta-feira contra vários países e organizações foi de "um nível sem precedentes", admitiu no sábado o gabinete europeu da Europol.
"O ataque recente é de um nível sem precedentes e vai exigir uma investigação internacional complexa para identificar os culpados", informou em comunicado o gabinete europeu de polícias Europol.
Segundo a mesma nora, o Centro Europeu contra a Cibercriminalidade (EC3) "colabora com as unidades de cibercriminalidade dos países afectados e com os maiores parceiros industriais de forma a atenuar a ameaça e socorrer as vítimas".
O ataque informático de grandes dimensões à escala internacional atingiu principalmente empresas de telecomunicações e energia mas também a banca, segundo a multinacional de serviços tecnológicos Claranet.
Em Portugal, a empresa de energia EDP cortou os acessos à Internet da sua rede para prevenir eventuais ataques informáticos e garantiu que não foi registado qualquer problema, já a Portugal Telecom alertou os seus clientes para o vírus perigoso ('malware') a circular na Internet, pedindo aos utilizadores que tenham cautela na navegação na rede e na abertura de anexos no ‘email’.
Entretanto, a Claranet alertou hoje para a possibilidade de novos ciberataques e aconselhou os utilizadores a terem os sistemas actualizados, não abrir anexos desconhecidos e desligar da energia todo o equipamento suspeito de estar infectado.
Numa informação enviada à agência Lusa, a Claranet sublinha que desde a descoberta do ciberataque, na passada sexta-feira, “têm surgido diversas variantes, com algumas características e comportamentos modificados, o que tem tornado mais complexa a contenção do ‘surto’”.
Como recomendações, a Claranet aconselha os utilizadores a “não abrir anexos recebidos de forma inesperada sem confirmação (mesmo que de fontes aparentemente conhecidas), prestar atenção a comportamentos anómalos que sejam detectados nos equipamentos e desligar da rede e energia, remetendo para análise, todo e qualquer equipamento suspeito de infecção”.
Este ciberataque já afectou 150 países e 200 mil sistemas informáticos.