O tempo de espera nos serviços de urgência continua elevado em muitos hospitais do país, numa altura em que o pico da gripe já foi ultrapassado e em que os médicos já estão a cumprir as horas-extra previstas na lei.
O vice-presidente da Associação Nacional de Médicos de Saúde Pública, Bernardo Gomes, afirma que vários hospitais portugueses não estão capacitados para responder às necessidades da população e muitos deles são “centros hospitalares cujas responsabilidades populacionais não são propriamente fáceis e nomeadamente encontram-se até esses hospitais, muitas vezes subdimensionados, perante as suas exigências.”
O hospital de Penafiel, “um exemplo crítico no país”, ou hospitais situados em “zonas de grande densidade populacional”, como o hospital de Loures, são exemplos que o vice-presidente cita, em declarações à Renascença.
Bernardo Gomes afirma ainda que não há nem houve uma gestão unificada do Serviço Nacional de Saúde. “Infelizmente, durante muitos e muitos anos, aquilo que aconteceu no país é que não se tomaram medidas efetivas para fixação de médicos de família nos cuidados primários, nomeadamente na região de Lisboa e Vale do Tejo e também na região do Algarve.”
Desta forma, Bernardo Gomes não se mostra surpreendido com a permanência de longas horas de espera em alguns hospitais e afirma que “enquanto durar o inverno, temos sempre uma possibilidade de alguns picos de procura assimétrica, ou seja, em zonas que tenham menor cobertura de cuidados primários, em zonas que tenham hospitais mais vulneráveis do ponto de vista de assistência e em zonas que eventualmente também estejam a passar por surtos de infeções respiratórias de maior ou menor dimensão”.