A deputada Cecília Meireles, do CDS-PP, considerou hoje "uma boa notícia" ver "a justiça a funcionar", numa reação à detenção do empresário Joe Berardo, mas recusou comentar "os contornos do caso" em concreto.
Em declarações à agência Lusa, a deputada centrista considerou "uma boa notícia" ver "a justiça a funcionar e no caso a Polícia Judiciária a investigar e a prosseguir com as investigações", mas assinalou que não se assiste a "um funcionamento rápido da justiça", uma vez que os "factos que têm seguramente mais de 10 anos".
A democrata-cristã, uma das deputadas que integrou a Comissão Parlamentar de Inquérito à gestão da Caixa Geral de Depósitos, não quis "fazer comentários sobre os contornos do caso concreto", mas entendeu ser "importante também falar do que foi apurado" pelos deputados.
"Eu acho que se a atividade das comissões de inquérito, cujo principal objetivo é fiscalizar a atuação do Governo e a atuação da administração pública, esse é o seu objetivo, mas que se no seu trabalho, com a personalidade com que é feito, pelo tipo de provas a que tem acesso, se esse trabalho pudesse ser aproveitado e pudesse ser útil à justiça, eu acho que isso é também uma boa notícia e que permite também que as pessoas vejam que são retiradas consequências das comissões de inquérito", salientou.
"Muitas consequências que as pessoas esperam não podem ser tiradas pelo parlamento, só podem ser tiradas pelo poder judicial, portanto quando vejo indícios de que isso está a acontecer, vejo com muito bons olhos", assinalou também.
A deputada do CDS-PP ressalvou ainda que o processo está "em fase de investigação" e que não se sabe "o que vai sair daqui".
"Só quando percebermos se se daqui vai resultar alguma acusação, vai resultar algum julgamento, vai resultar alguma condenação, só depois é que se pode dizer se há resultados ou não" da comissão, assinalou.
Cecília Meireles defendeu ainda que é importante "perceber até que ponto é que a Polícia Judiciária tem os meios necessários para ser eficaz" e que o parlamento deve debruçar-se sobre isso.
"Neste caso, por exemplo, aquilo que se vê no comunicado é que estamos a falar de muitos meios envolvidos. Se nós queremos uma justiça a funcionar, temos de lhe dar meios para que possa funcionar", salientou.
O empresário Joe Berardo e o seu advogado André Luís Gomes foram hoje detidos no âmbito de uma operação que visou "um grupo económico" que terá lesado vários bancos, disse à Lusa fonte ligada ao processo.
A Polícia Judiciária (PJ) anunciou esta manhã que fez buscas em Lisboa, Funchal e Sesimbra numa operação que visa "um grupo económico" que terá lesado vários bancos, por suspeita de administração danosa, burla qualificada, fraude fiscal e branqueamento.
A PJ indica em comunicado que se trata de um grupo "que entre 2006 e 2009 contratou quatro operações de financiamentos com a Caixa Geral de Depósitos, no valor de cerca de 439 milhões de euros" e que terá causado "um prejuízo de quase mil milhões de euros" à Caixa, ao Novo Banco e ao BCP.