Corrupção. Presidente da República pede mais "consciência crítica"
09-12-2023 - 09:45
 • Lusa

Marcelo Rebelo de Sousa lembra às elites políticas e económicas que é necessário inverter a "nefasta perceção pública", não esquecendo "os conflitos de interesses, os financiamentos duplos, a cartelização" e outros "fatores de risco" da corrupção.

O Presidente da República defendeu este sábado a necessidade de "elevar a consciência crítica junto das elites políticas e económicas" para inverter "uma nefasta perceção pública" que os efeitos da corrupção têm em "certos setores de atividade em Portugal".

Marcelo Rebelo de Sousa divulgou no site da Presidência da República uma nota para assinalar o Dia Internacional Contra a Corrupção, que hoje se celebra.

"Neste dia Internacional Contra a Corrupção, o Presidente da República sublinha a necessidade de se elevar a consciência crítica junto das elites políticas e económicas de forma a inverter uma nefasta perceção pública sobre os efeitos que o fenómeno da corrupção tem em certos setores de atividade em Portugal", apelou, sem detalhar a que setores se refere.

O chefe de Estado considera que, "como condição para um bom desempenho económico", importa também progredir "no combate legislativo e operacional aos fatores de risco mais abundantes identificados pela Comissão Europeia".

Entres estes, o Presidente aponta "os conflitos de interesses, os financiamentos duplos, a cartelização, ou a ausência de capacidade técnica e de uma cultura organizacional antifraude e economia não-registada".

Marcelo Rebelo de Sousa deixa ainda uma palavra de reconhecimento a iniciativas que percorrem o país, com a participação de escolas, universidades, observatórios, centros de investigação e organizações não-governamentais, "mobilizando os jovens para a literacia e a ética sobre a corrupção e a transparência, num reforço do papel da sociedade civil para a melhoria dos alicerces da nossa democracia".

À Renascença, João Paulo Batalha saúda o apelo de Marcelo mas espera que a posição do Presidente seja, também, uma espécie de autocrítica - sobretudo à atuação no caso das gémeas luso-brasileiras. O vice-presidente da Frente Cívica sublinha que o Estado falhou no combate à corrupção, especialmente porque "ignora o problema e quando fala da corrupção é como fosse um problema de funcionários da administração", quando os maiores problemas de corrupção em Portugal estão nos grandes decisores políticos, sublinha.

O Dia Internacional contra a Corrupção é celebrado, anualmente, em 9 de dezembro. O objetivo é sensibilizar para o combate e prevenção da corrupção, de modo a mobilizar recursos para a combater, de acordo com uma página governamental.

O tema escolhido para este ano é "UNCAC at 20: Uniting the World Against Corruption" (Unindo o Mundo contra a Corrupção) e assinala o vigésimo aniversário da Convenção das Nações Unidas contra a Corrupção (UNCAC).

Este dia foi implementado através de resolução adotada na Assembleia Geral das Nações Unidas a 31 de outubro de 2003.