O ministro da Saúde, Manuel Pizarro, reconheceu esta segunda-feira que, se os médicos não aceitarem fazer horas extra, o Serviço Nacional de Saúde “não vai funcionar”.
Confrontado pelos jornalistas sobre a recusa apresentada por mais de 1.500 médicos sobre o cumprimento de horas extra além das 150 que estão na lei, Pizarro afirmou que os serviços só funcionarão se os médicos aceitarem fazer mais horas que o obrigatório.
“Se isso não for assim, não há forma de o sistema funcionar. Mas isto não aconteceu agora. Nos últimos 44 anos, desde que existe Serviço Nacional de Saúde, só foi possível que as urgências funcionassem porque os médicos aceitaram fazer um número muito elevado de horas extraordinárias, que eu reconheço que são muito penosas para a sua vida pessoal, mas que são indispensáveis”, disse, após a apresentação das "4 Agendas Mobilizadoras da Saúde", em Matosinhos.
O ministro adiantou ainda ter esperança de voltar a alinhar vontades com os profissionais na reunião de quarta-feira com a Ordem dos Médicos.
“Estou sobretudo preocupado com o ambiente geral e tenho que fazer tudo o que estiver ao meu alcance para que haja uma reaproximação de posições entre o Ministério da Saúde e os médicos”, indicou.
Este domingo, a Ordem dos Médicos pediu um encontro urgente com a tutela, alertando que 25 hospitais têm as suas urgências fortemente condicionadas, após a recusa de muitos profissionais de saúde em realizar mais horas extraordinárias além das 150 horas estabelecidas na lei.
Se nada for feito para resolver o problema, o bastonário Carlos Cortes antecipa um cenário que classifica como “catastrófico” para muitos milhares de utentes do Serviço Nacional de Saúde (SNS), ainda por cima com a aproximação do inverno.