"A demissão do ex-presidente da Mesa da Assembleia Geral da Liga é, aos meus olhos, abaixo do mínimo que devemos aceitar como família do futebol. Temos todos de refletir seriamente sobre se fizemos, se fazemos e se faremos tudo o que está ao nosso alcance para garantir que esta semana é irrepetível", lançou Fernando Gomes, durante a Assembleia Geral da FPF.
Em causa está a investigação do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF) a Mário Costa e à academia de futebol à qual está ligado, no concelho de Famalicão, por suspeitas de tráfico de seres humanos, e na qual o antigo dirigente foi constituído arguido.
"Pessoalmente, já fiz a minha reflexão: Não. Não fizemos tudo. Não. Não fazemos tudo. Sim. Podemos fazer tudo de agora em diante. Porque se não fizermos todos, é como se nenhum de nós fizesse nada. E este nós somos mesmo nós: A Federação, as Associações, a Liga, os sócios de classe, todos os clubes, todos os delegados que estão nesta sala", realçou o líder da FPF.
Fernando Gomes revelou que, em 2020, a FPF denunciou "indícios que considerava suspeitos de práticas ilegais", através dos meios que entendeu serem adequados.
"Nunca vi uma boa investigação acontecer depois de um grande clamor público. As melhores investigações e as mais profundas acontecem quando os visados desconhecem estarem a ser investigados", sublinhou.
E acrescentou: "Se este caso agora mediatizado não servir para mais, que sirva para que cada um de nós, com as responsabilidades acrescidas que temos, pense se não existirão indícios, suspeitas ou dados, seja em que local seja de Portugal, que devam ser denunciados. Basta que cada um de nós façamos tudo o que está ao nosso alcance. E a consciência definitiva de que a inação de um de nós, coloca todos em causa e o futebol em perigo".
Na sexta-feira, Pedro Proença, presidente da Liga de clubes, admitiu que se teria demitido se o agora ex-presidente da Assembleia Geral Mário Costa não o tivesse feito, após terem sido reveladas suspeitas de tráfico de seres humanos numa academia de futebol de Riba de Ave, à qual Mário Costa estava ligado.
A Procuradoria-Geral Regional do Porto especificou hoje que foram 33 os menores retirados da academia de futebol, tendo ainda outros adultos sido encaminhados para unidades de abrigo.
Em nota publicada na sua página, aquela procuradoria refere que os menores foram retirados após intervenção articulada das entidades competentes e "por se encontrarem em situação de perigo".
Segundo fonte do SEF, foram identificados 114 futebolistas, oriundos da América de Sul, África e Ásia e estarão todos em situação irregular no país.