O advogado francês de Rui Pinto, William Bourdon, diz que o jovem de Vila Nova de Gaia emigrado na Hungria está a ser alvo de uma “campanha” por parte de “alguns media” nacionais e que o roubo de informação ao Benfica é "um rumor inventado".
"Há uma campanha contra Rui Pinto conduzida por alguns media portugueses, que difundiram muitos rumores. O roubo de informação ao Benfica é um deles", acusa Bourdon, em entrevista à revista alemã "Der Spiegel".
William Bourdon mostra-se muito crítico da cobertura mediática do caso feita em Portugal, apontando que Pinto “foi apresentado pelos media portugueses como um mero 'hacker', apesar de ser um grande denunciante”.
“Não é o meu papel confirmar se ele é 'hacker' ou não. Na opinião dele, o que descobriu suscitou nele um forte sentimento de dever, no sentido de divulgar a informação”, acrescentou.
O jovem emigrante originário de Vila Nova de Gaia, neste momento em prisão domiciliária na Hungria, deu a jornalistas acesso a mais de 70 milhões de documentos, mas sempre negando que fosse um "hacker". William Bourdon diz que “não pode explicar” como Rui Pinto obteve a informação, mas garante que ele o fez “pelo amor que tem ao futebol”.
“Quantos mais documentos ele descobria, mais indignado ficava e mais considerava ser seu dever revelar ao mundo que a sua paixão, o futebol, estava tão corrompida com criminalidade, ganância, lavagem de dinheiro e evasão fiscal”, conta o advogado.
"Ele está completamente ciente do terramoto que causou”, reforçou.
Bourdon não diz se Rui Pinto vai colaborar com a UEFA ou a FIFA, mas adianta ser um desejo do português divulgar informações de interesse público.
Ssobre a alegada tentativa de extosão à Doyen, Bourdon diz ser "absolutamente verdade" que Rui Pinto "queria testar até que ponto a Doyen estava disposta a ir", mas "foi mais uma brincadeira de crianças".
"Nada aconteceu e ninguém pagou nada", garante, atirando às autoridades portuguesas: "Esta tentativa de criminalização de Rui Pinto é exagerada."
Nesta entrevista, William Bourdon revela. ainda, que não está a ser pago pelo português. “Passei mais de 30 anos a tentar ajudar pessoas em situações muito difíceis por terem mostrado a sua coragem extraordinária”, argumenta.