Ainda sem conhecer os resultados da emigração e se continua no Parlamento, o ainda presidente da Assembleia da República, Augusto Santos Silva, admite a derrota do PS nas eleições do passado domingo e diz que o partido deve “assumir a liderança da oposição”, mas que deve estar disponível a acordos pontuais com a AD.
Em artigo de opinião no jornal Público, Santos Silva fala numa “derrota honrosa” do Partido Socialista e não esquece que o Governo de António Costa foi “demitido por intervenção judicial”, considerando estas umas eleições “desnecessárias forçadas pelo Presidente da República”.
Dois dias após as eleições, em declarações à Renascença, Santos Silva já tinha considerado que deve ser o PS a liderar a oposição à AD, e não o Chega.
"“Há matérias que, pela sua importância, aconselham a que haja diálogo, cedência mútua, negociação e compromisso entre os dois partidos, ou entre o Governo e a oposição. Uma área que está mesmo a pedir isso é área da justiça. Portanto, um ser governo e o outro ser oposição não significa que não se entendam nas áreas em que é preciso entender-se e não significa que radicalizem as suas posições, quando as suas posições são tradicionalmente próximas”, declarou na altura.
No artigo de opinião, a segunda figura de Estado refere que, ainda assim, o PS “segurou a base eleitoral e reafirmou o seu papel-chave no sistema partidário português”.
Com o resultado das eleições, considera, o partido deve “assumir a liderança da oposição”, com “toda a clareza”, mas sem “ser do contra”, defendendo compromissos úteis “na área da justiça , ou indispensáveis, face à União Europeia ou até em finanças públicas, desde que salvaguardados pontos críticos fundamentais”.
Referindo a descida da abstenção como uma “boa notícia” e pedindo que seja respeitado o voto de 1,1 milhões que votaram no Chega, Santos Silva diz que a AD obteve uma “vitória política” pela margem mínima. “Espera-se que efetivamente governe e que não se atire logo para o chão, à primeira oportunidade, a fingir penálti”, afirma.
Santos Silva é o cabeça de lista do PS pelo círculo de Fora da Europa e arrisca ficar fora do Parlamento, nos resultados que estão ainda por conhecer.