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A existência de famílias que não vacinam as suas crianças provocou vários surtos de sarampo na Europa no último ano. O aviso parte do Centro Europeu de Controlo e Prevenção de Doenças (ECDC, na sigla em inglês).
Numa comunicação divulgada esta segunda-feira, o Centro refere que, durante os dois primeiros meses de 2017, foram reportados mais de 1500 casos de sarampo em 18 países europeus, na sequência de uma “acumulação de indivíduos não vacinados”.
Em 10 países (Áustria, Bélgica, Croácia, França, Alemanha, Itália, Polónia, Roménia, Espanha e Suécia), o número de casos registado em Janeiro e Fevereiro deste ano foi mais do dobro do que em igual período de 2016.
Entre 1 de Março de 2016 a Fevereiro de 2017, foram registados 5.881 casos de sarampo na Europa. A Roménia lidera a lista, com 46% deste total. Segue-se a Itália, com 24%, e a Grã-Bretanha, com 9%.
De acordo com o relatório do Centro Europeu de Controlo e Prevenção de Doenças, um dos aspectos mais preocupantes da epidemia actual é que afecta quer crianças quer adultos. Entre 2015 e 2016, um terço do total de casos foi registado em adultos com mais de 20 anos.
“É inaceitável ouvir que crianças e adultos estão a morrer de doenças que já eram consideradas inofensivas e cujo custo das vacinas é acessível”, afirma Vytenis Andriukaitis, comissário europeu da Saúde e Segurança Alimentar, numa reacção aos dados divulgados pelo ECDC.
Antigo ministro da Saúde na Lituânia, Vytenis Andriukaitis quis tornar obrigatórias no seu país as vacinas contra o sarampo, a rubéola e a poliomielite, mas assim que deixou a pasta o projecto foi abandonado.
Em entrevista ao jornal “Público”, o agora comissário europeu sublinha que “as vacinas funcionam” e que “é irresponsável dizer o contrário”, dado que “as vacinas já salvaram mais vidas de crianças do que qualquer outra intervenção médica”.
O sarampo é uma doença provocada por um vírus altamente contagioso que se espalha através do contacto directo e do ar. Pode ser prevenida através da vacinação, mas como tem havido muitas famílias a não vacinar os filhos, voltou a ser uma das doenças que mais crianças mata no mundo – só em 2015 morreram 134 mil, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS).
“Fechar estas ‘lacunas’ de imunização em adolescentes e adultos que não receberam a vacina no passado e fortalecer a imunização em criança é vital para prevenir futuros surtos”, refere o documento agora divulgado pelo ECDC.
Segundo o mesmo Centro, quebrar a transmissão do sarampo implica que pelo menos 95% da população tenha as duas doses da vacina.
Os últimos dados existentes dizem respeito a 2015, ano em que a cobertura da segunda dose da vacina estava abaixo dos 95% da população em 15 dos 23 países da União Europeia.
Em Portugal, até quarta-feira da semana passada, foram notificados "46 casos de sarampo, dos quais 21 confirmados e 15 em investigação", tendo 10 sido excluído do diagnóstico de sarampo, segundo a Direcção-Geral de Saúde. Na semana passada, morreu a primeira doente de sarampo em 23 anos – uma jovem de 17 anos, cuja irmã está agora internada.