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O bastonário da Ordem dos Médicos, Miguel Guimarães, apela à Direção-Geral da Saúde (DGS) para que compare os seus números com os de um estudo que indica que Portugal pode ter registado 4.000 mortes em excesso, e se despache a retomar a atividade não-Covid nos hospitais, para que os restantes doentes não continuem a ser descurados.
Um estudo da Universidade de Lisboa concluiu que, entre 1 de março e 22 de abril, o número de mortes em Portugal pode ter chegado a um valor quase cinco vezes maior do que o atribuído à Covid-19. Contudo, na terça-feira, o subdiretor-geral da Saúde garantiu que a mortalidade excessiva não passava dos 307 óbitos, desde o início do ano. Em entrevista à Renascença, no programa As Três da Manhã, esta quarta-feira, o bastonário da Ordem dos Médicos aconselhou Diogo Cruz "a ler e interpretar os estudos que foram publicados sobre esta matéria".
"O estudo foi publicado na 'Acta Médica Portuguesa', que é a revista científica da Ordem e uma das quatro revistas com fator de impacto científico em Portugal. Não é uma revista qualquer, é uma das revistas mais importantes a nível internacional. Até agora, foram feitos quatro estudos tentando avaliar o impacto negativo que esta situação tem tido nas mortes por outras causas que não a Covid", apontou Miguel Guimarães.
"Uns estudos apontam que o impacto foi maior, outros menor, mas nunca na dimensão que o subdiretor-geral da Saúde disse. Julgo que a DGS vai ter de olhar para os seus próprios números relativamente à mortalidade dos doentes não-Covid e fazer uma reflexão sobre isto", acrescentou o bastonário.
O mesmo responsável salientou que a Ordem dos Médicos "está preocupada com todos os doentes portugueses, não apenas os doentes Covid", e apontou que os indicadores que chegam das comunidades científicas "são preocupantes". Deu um exemplo: "Se considerarmos meses homólogos este ano, entre dia 15 de março e 7 de abril, penso eu, o numero de diagnósticos de infarte agudo de miocárdio caiu quase 50%."
"A DGS deve olhar para isto com atenção, implementar um plano de recuperação rápida dos doentes prioritários que foram todos adiados na imensa maioria dos hospitais, porque, de facto, há patologias que não podem esperar e a saúde mexe com todas as outras áreas, nomeadamente com a economia", assinalou Miguel Guimarães.