Na análise a uma das conclusões da terceira edição do “Estado da Nação sobre Educação, Emprego e Competências em Portugal”, da Fundação José Neves, que dá conta que ganho salarial dos jovens portugueses com ensino superior atingiu mínimos históricos em 2022, em comparação com quem tem apenas o secundário, o comentador d’As Três da Manhã considera que esta é uma consequência da inflação, mas não só.
“Há outros fatores”, observa, assinalando que “nos últimos anos nós temos privilegiado os aumentos do salário mínimo nacional e o que tem acontecido é que têm sido os outros trabalhadores os prejudicados”.
“Aqueles com salários médios e superiores têm sido prejudicados em compensação, porque as empresas portuguesas têm tido estratégias que não conseguem remunerar mais o fator trabalho em termos agregados e, portanto, se sobem nuns não podem aumentar tanto os outros”, sinaliza.
Questionado sobre como se confere às empresas capacidade de poderem pagar mais a quem tem um curso superior, João Duque diz que “o truque está exatamente em apostar na inovação e na produtividade, na marca, no valor intangível, porque é aí que se pode criar valor e, de facto, dar valor a quem consome os nossos produtos ou serviços, podendo nós depois cobrar mais”.
“Temos que ganhar reputação, marca, dimensão e nomeadamente processo de inovação”, defende, insistindo que é preciso “dirigir muito a atividade para o valor acrescentado, para a marca”.
Na visão do comentador, o universo empresarial não está a conseguir esta inovação “às vezes por falta de estímulos, outras vezes por falta de conhecimento e ou estratégias que apostam em preços baixos”.
“Quem aposta a servir bicas ao balcão nunca conseguirá, ou dificilmente conseguirá, valor acrescentado por posto de trabalho criado”, conclui.