A Câmara de Pedrógão Grande confirma buscas na autarquia e congratula-se com a celeridade do Ministério Público e da Polícia Judiciária.
Em comunicado, a autarquia diz que as buscas foram pedidas pelo próprio município.
A câmara revela que os elementos da PJ foram recebidos pelo presidente Valdemar Alves, a fim de "serem municiados de todos os documentos julgados necessários para o apuramento total dos factos".
Ao final da manhã desta quarta-feira, fonte da Policia Judiciária confirmou à Renascença as buscas que estão relacionadas com o processo de reconstrução de casas afetadas pelos incêndios e com as alegadas irregularidades denunciadas.
As buscas estão a ser realizadas nas instalações da autarquia e da Casa da Cultura, onde funciona o gabinete de obras.
Duas dezenas de casas sob suspeita
Em causa neste processo estão denúncias feitas por duas reportagens, uma da Visão e outra da TVI, que aludiam a situações ilegais na atribuição de fundos para a reconstrução de habitações.
As duas reportagens referiam que casas que não eram de primeira habitação foram contempladas com obras em detrimento de outras mais urgentes e também que casas que não arderam foram reconstruídas com fundos solidários.
A presidente da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Centro, Ana Abrunhosa, negou a existência destas situações, mas, ainda assim, enviou para ao Ministério Público 21 processos para análise.
O presidente da Câmara de Pedrógão Grande, Valdemar Alves, também negou estas acusações, mas enviou igualmente para análise um conjunto de processos.
O incêndio que deflagrou em 17 de junho de 2017, em Escalos Fundeiros, concelho de Pedrógão Grande, e que alastrou depois a concelhos vizinhos, provocou 66 mortos e 253 feridos, sete deles com gravidade, tendo destruído cerca de 500 casas, 261 das quais eram habitações permanentes, e 50 empresas.
Em junho, no inquérito relacionado com a responsabilidade do incêndio, eram 10 os arguidos, todos pessoas singulares, de acordo com a Procuradoria-Geral Distrital de Coimbra.