O PSD não comenta as críticas do PS, PCP e Bloco de Esquerda à actuação do Governo de Pedro Passos Coelho no dossiê Banif, mas diz-se disponível para dar esclarecimentos na comissão parlamentar de inquérito sobre o tema já pedida pelos partidos de esquerda.
Em conferência de imprensa, esta segunda-feira, o deputado do PSD António Leitão Amaro recorda apenas que "durante muito tempo o Estado e o próprio banco procuraram concretizar a venda, evitando a resolução e as perdas para os contribuintes".
Os sociais-democratas não comentam a notícia, avançada pela TSF, de que a venda do Banif foi adiada para não perturbar a "saída limpa" do programa de assistência .
António Leitão Amaro não quis comentar as eventuais responsabilidades do anterior governo PSD/CDS-PP num arrastar da situação que tivesse prejudicado a solução que foi concretizada pelo actual executivo, mas disse que "na anterior resolução", do BES, optou-se "por uma participação muito mais significativa das instituições financeiras, enquanto neste caso do Banif o Governo e Banco de Portugal optaram por chamar a uma participação directa e muito elevada os contribuintes".
O deputado social-democrata reiterou duas ideias: a de que não existe ainda informação suficiente e a de que o Estado e o banco tentaram vender o banco para evitar uma resolução.
"Neste momento não existe ainda informação suficiente que permita fazer uma apreciação cabal da escolha feita pelo Governo e pelo Banco de Portugal, as alternativas que existiriam e as razões para essa escolha", afirmou.
Banif motiva comissão de inquérito
PS, PCP e Bloco já anunciaram que vão avançar com uma comissão parlamentar de inquérito sobre a situação no Banif. PSD e CDS concordam.
"O PSD apoia e é favorável a um inquérito parlamentar, que permita averiguar desde as razões que justificaram a capitalização do Banif, em final de 2012, até à decisão ontem [domingo] tomada e conhecida, as alternativas existentes e as razões que a justificaram, bem como a implementação dessa decisão", afirmou Leitão Amaro.
Fonte do CDS disse à Renascença que o partido é também favorável à criação de uma comissão parlamentar de inquérito.
O Governo e o Banco de Portugal decidiram no domingo a venda da actividade do Banif e da maior parte dos seus activos e passivos ao Banco Santander Totta por 150 milhões de euros, anunciou o Banco de Portugal em comunicado.
A alienação foi tomada "no contexto de uma medida de resolução" pelas "imposições das instituições europeias e inviabilização da venda voluntária do Banif".
A operação "envolve um apoio público estimado em 2.255 milhões de euros que visam cobrir contingências futuras, dos quais 489 milhões de euros pelo Fundo de Resolução e 1.766 milhões directamente do Estado", disse o banco central, garantindo que esta solução "é a que melhor protege a estabilidade do sistema financeiro português".