O santuário de Fátima acolhe, na quinta-feira, milhares de peregrinos, no início da primeira grande peregrinação aniversária do ano. Será o último 13 de Maio antes do centenário das aparições e da visita do Papa Francisco, tida já como certa, embora não tenha havido qualquer anúncio oficial.
As celebrações de quinta e sexta-feira serão presididas pelo patriarca de Lisboa, o cardeal D. Manuel Clemente, também presidente da Conferência Episcopal Portuguesa.
"O meu espírito alegra-se em Deus, meu Salvador" é o tema geral da peregrinação, que será marcada, ainda, pela estreia do novo altar do santuário, depois da primeira missa aí celebrada, no passado domingo.
O bispo de Leiria-Fátima diz à Renascença que a presença de Francisco na Cova da Iria, em 2017, "é uma certeza". Menos certo está D. António Marto em relação a avanços nos processos de canonização dos pastorinhos e de beatificação de Lúcia. "O ideal era a coincidência da canonização dos pastorinhos com a beatificação da irmã Lúcia, mas os desígnios de Deus são insondáveis", declara.
Nesta entrevista, o bispo de Leira-Fátima fala também da estratégia de captação de novos públicos. "Faltavam-nos, de facto, propostas da ordem cultural, com linguagens novas", diz D. António Marto.
Daqui a um ano vamos ter aqui o Papa?
Sem dúvida. Para mim, é uma certeza, salvo motivos de saúde. Foi o que ele me disse na audiência particular, quando me recebeu, em Abril do ano passado. E, depois, afirmou-o também diante de todos os bispos, na visita "ad limina". De forma que, para nós é uma certeza. Nem sequer se põe em dúvida que ele deixe de cá estar. Na altura, pedi licença se podia dizer à comunicação social e ele disse que sim, com a única ressalva - “se tiver saúde”.
Na entrevista que o Papa deu à Renascença, no dia seguinte à visita "ad limita", perguntei-lhe o que esperava encontrar em Fátima e ele respondeu: “Um momento, ainda não disse que vou, mas que gostaria de ir…”
Sim, mas quando ele diz que tem uma grande vontade de vir - a não ser por motivo de doença - isto, para nós, é uma certeza. Senão, não o teria dito também aos bispos, publicamente, nem me teria autorizado a dizer à comunicação social.
O Presidente da República voltou a insistir com o convite e, à saída do encontro com o Papa, disse que não estava autorizado a revelar a conversa, mas revelando que estava contente. É um bom sinal?
Eu entendo que não estará autorizado a revelar, por ainda não haver programa. Não se sabe se vem só a Fátima ou se vai a Lisboa ou a outros pontos do país. Nesse aspecto, compreendo, mas, quando diz “saí de lá feliz”... Mas a conversa correu bem. De contrário, não diria isso.
Portanto, está tudo preparado, como se fosse já oficial...
Sem dúvida!
E o que está preparado?
O que está reparado é todo o programa do centenário, independentemente do Papa vir ou não. Porque, se o Papa vier a Fátima, será só a 12 e 13 e, a 12 e 13, o programa é o habitual. Depois, será o que o Santo Padre entender. Essa programação depende do encarregado da programação das viagens do Santo Padre, depende do Santo Padre, e isso, segundo consta, só é feito com pouca antecedência. Por conseguinte, esperamos que nos comuniquem e, certamente, que nos consultem.
Acha que a vinda - já confirmada - do cardeal Parolin para as celebrações de Outubro é uma espécie de “aperitivo” para a visita do Papa. Vem cá para ver e, depois, contar ao Papa Francisco?
A minha intenção, ao convidá-lo, foi essa. E penso que também o terá sido na intenção do Santo Padre, porque o cardeal Secretário de Estado nunca teria dado um assentimento sem primeiro se pôr de acordo com o Santo Padre. Penso que este lhe terá dito para vir também como percursor e, depois, lhe contar tudo isso.
Fátima, como já disse, é independente dos papas…
Sim, sim...
… mas não tem uma grande ligação com os papas, desde sempre?
Sim, tem, desde sempre. Primeiro, porque na própria Mensagem vem explícita essa ligação com “o bispo vestido de branco”, que é o Santo Padre. Depois, porque, a partir de Pio XII, a mensagem foi assumida. O próprio Pio XII, em 1942, em plena Guerra Mundial, fez a consagração do mundo e da Rússia. Depois, repetiu a consagração, em 1944 e, depois, em 1954, escreveu uma encíclica "Ad Caeli Reginam", na qual pede aos bispos do mundo inteiro para renovarem a consagração.
Na altura, os papas ainda estavam “prisioneiros no Vaticano”, mas ele é o Papa de Fátima. Digamos que é o primeiro Papa de Fátima. Depois, veio Paulo VI, para os 50 anos. Mas, antes disso, já tinha tido um gesto muito lindo, que foi a consagração do mundo e da Igreja, no final da terceira sessão do Concílio, em 1964. Depois, houve o envio da Rosa de Ouro ao Santuário e a sua presença, aqui, nos 50 anos das aparições, com a temática a favor da paz. Portanto, foi a primeira visita do Papa. Foi inesquecível.
E, depois, João Paulo II…
João Paulo II foi, de facto, o Papa de Fátima. "Destronou" Pio XII. Foi ele quem melhor expressou o significado de Fátima na história da Igreja e do mundo, quando diz que Fátima é “um sinal dos tempos que nos ajuda a ver a mão de Deus, como guia e pai providente, paciente e compassivo no século XX.” Portanto, é o reconhecimento da mundialização do significado da Mensagem de Fátima. Depois, esteve aqui três vezes, ofereceu a bala com que foi atingido e esteve aqui a presidir à beatificação dos pastorinhos. Tudo isso é uma ligação indelével e inesquecível de João Paulo II a Fátima.
Depois, Bento XVI também veio aqui e vimos como foi o Papa teólogo de Fátima. Foi ele o grande intérprete do segredo de Fátima, da sua Mensagem e da sua profundidade. Para mim, foi inesquecível, também, porque houve uma exclamação espontânea do Bento XVI, aqui no papamóvel, no final da procissão de velas. Disse-me a mim, espontaneamente, sem eu perguntar nada: “Não há nada como Fátima em toda a Igreja Católica no mundo". Fiquei sem saber o que dizer e não tive a coragem de lhe perguntar porquê, mas a frase, em si, é significativa. Ele falou de Fátima como “o coração espiritual de Portugal”, também em ligação com o movimento da diáspora…
Ele não disse que, com Fátima, se abriu uma janela de esperança?
“Abriu-se uma janela de esperança quando os homens fecham a porta a Deus”. E também são inesquecíveis as homilias que ele fez aqui em Fátima. Quando regressou ao Vaticano, fez a síntese da sua viagem. São [textos] de uma profundidade única.
Que novidade espera que Francisco traga?
O Papa Francisco, como sabe, é um Papa surpreendente. Surpreende-nos sempre com aquilo que a gente, às vezes, menos pensa e menos conta. Portanto, temos de nos deixar surpreender por ele. Ele pode retomar temas que lhe são queridos no seu pontificado. Um deles é o da misericórdia, outro é o da paz e outro é a força evangelizadora da piedade popular mariana. São três temas muito queridos ao Papa e tocou em alguns deles, na América Latina. Por exemplo, no México, relativamente a Guadalupe. Vamos ver o que ele nos diz…
Ele tm uma grande devoção [a Nossa Senhora] e, depois, daqui a um ano, pode haver transformações no mundo que ainda tornem mais urgente algum aspecto da Mensagem, que ele sinta necessidade de retomar.
Sobre os pastorinhos? Vamos ter novidades?
Sobre os pastorinhos, não tenho grandes novidades. O nosso desejo era que o Papa pudesse vir canoniza-los, mas não posso garantir. Não se pode garantir. É desejo de todos que pudessem ser canonizados durante o centenário, seja em Fátima seja em Roma, mas é uma coisa que não posso garantir. Vamos ver...
Em relação à Irmã Lúcia, parece que ela ficou um pouco esquecida, uma vez que o caso dos pastorinhos avançou quando ela ainda era viva, com a beatificação. Nossa Senhora prometeu que ela ia para o Céu. Será que se vai achando que ela já está no Céu e não precisa de um processo?
(risos) Como sabe, o processo anda, mas não é pela diocese nem pelo santuário. O processo é de Coimbra, com a responsabilidade das Irmãs Carmelitas. É a eles que lhes compete dizer. Agora, é verdade que o processo demorou muito. Segundo as informações que tenho, agora está a avançar, mas ainda está na fase diocesana, ainda não foi para Roma. Está atrasado. O ideal era a coincidência da canonização dos pastorinhos com a beatificação da Irmã Lúcia, mas os desígnios de Deus são insondáveis. Mas temos a certeza de que ela está no Céu, disso ninguém duvida.
É uma bocado típico dos portugueses não se mexerem muito para fazer processos de beatificação. Não acha que há alguma diferença?
Recordo-me que Papa Bento XVI, quando esteve aqui, também perguntou sobre o processo da Irmã Lúcia e eu só lhe pude responder que era da responsabilidade da diocese de Coimbra. Mas tive pena, porque o Papa dispensou os cinco anos de espera para organizar o processo e não resultou.
Cem anos depois, há aspectos da Mensagem de Fátima que considera mais actuais do que outros?
São todos actuais. Tive oportunidade de escrever uma carta pastoral sobre a actualidade da Mensagem de Fátima, agora, por ocasião do centenário, e pus lá os diferentes aspectos para a vida, a espiritualidade de Fátima e até para a evangelização particular. Mas podemos destacar alguns mais importantes. Por exemplo, a Mensagem veio despertar a humanidade numa situação trágica, em que estava a cair no abismo, com guerras mundiais, com acontecimentos inéditos, inimagináveis e inauditos. Guerras feitas com técnicas modernas, genocídios, milhões de mortos inocentes, etc. E foi o Papa João Paulo II quem aqui disse “foi a dor da Mãe que a fez falar, porque estava em jogo a sorte dos filhos”. Depois, foi uma advertência à humanidade, acompanhada também por uma mensagem de misericórdia e de esperança, ou seja, que o mal não é uma fatalidade e que pode ser vencido pela misericórdia de Deus…
Não há um paralelismo com os tempos actuais?
Exactamente. O que estava por detrás disso era, de facto, o pôr Deus de parte, eram os regimes totalitários, ateus, esmagavam a dignidade da pessoa humana. E o que temos aqui, para hoje? Em primeiro lugar, o delírio da omnipotência do indivíduo, do ego de cada um que é deus para si mesmo…
Agora é ainda mais do que há 100 anos?
Exactamente. Dantes era o ateísmo militante, hoje é a indiferença religiosa. Quem prescinde de Deus, quem vive de costas voltadas para Deus até contagia os ambientes cristãos. Depois, temos as ideologias do pensamento único e da tecnociência que pretendem retirar relevância à presença de Deus na sociedade, na cultura, no mundo e, portanto, relegá-lo para o campo privado da consciência de cada um e fazer da pessoa humana uma massa ou um objecto a manipular sem regras nem valores. E temos a idolatria do dinheiro, do lucro imediato a qualquer custo, que não olha à dignidade da pessoa que trabalha.
Há guerras, perseguições e mártires por causa desta guerra económico-financeira, que leva à guerra militar, como diz o Papa Francisco. Leva à terceira guerra mundial, "em episódios". Portanto, temos aqui a grande actualização da Mensagem de Fátima.
O problema dos refugiados também é uma consequência disso?
Também. Daó, o apelo à conversão que o mundo de hoje precisa. O mundo só muda se partir do pequeno mundo que é o coração de cada pessoa.
O coração de cada pessoa estará disponível para isso? Como é que se toca a liberdade? Bento XVI, quando cá veio, também disse que o mais difícil é tocar a liberdade de cada um…
Tal como o foi no tempo de Jesus e no tempo dos apóstolos. Mas Fátima continua a ecoar, é um eco do Evangelho pelo mundo fora. É interessante que Nossa Senhora apareceu aqui e não havia os meios de comunicação social como há hoje e a Mensagem fez caminho por si, por todo o mundo. Ainda hoje é um centro de maior atração. É o maior local de culto mariano no mundo.
Como explica este fenómeno?
No coração humano existe e está vivo este desejo de paz. Ainda agora o vi, na visita da Imagem peregrina. Na despedida, as pessoas diziam “Adeus, Senhora, dá-nos a paz”. É uma coisa que me impressionou. Podiam pedir, enfim, pelas suas necessidades pessoais, mas não. A paz no mundo é algo que está no coração de toda a gente. Este apelo encontra algum eco e nós somos responsáveis por o levar ao largo e ao longe.
Enquanto se manteve o segredo, dizia-se que o sucesso de Fátima tinha a ver com isso: havia coisas por contar e surgiam imensas especulações. Uma vez revelado o segredo, no ano 2000, o fenómeno de sucesso continua e há quem diga que a Igreja ainda não revelou tudo. O que acha disso?
São coisas que me impressionam, isso é uma patologia autêntica. Há vários factores. Nalguns casos, resulta da insanidade mental de pessoas que nunca estão saciadas com nada, estão sempre à busca de coisas novas e que escandalizem, coisas apocalípticas. Noutros casos, sobretudo no caso de escritores, às vezes, duvido se acreditam no que dizem, ou se é por causa do negócio de vendas. Noutros, é uma crendice fácil em aspectos marginais relacionados com aparições - acreditam mais nisso do que na palavra da Igreja, na palavra do Papa, na palavra da própria vidente Lúcia, que foi ela mesmo a dizer estar tudo revelado. No fundo, tudo isso é restrito a determinados grupos e não tem grande repercussão.
E como vê as críticas às penitências e ao sofrimento, uma faceta muito ligada à piedade popular?
É das coisas que me impressiona. Impressiono-me quando a comunicação social, sobretudo as televisões, transmite só imagens das pessoas que andam a fazer penitência, aquela penitência dura, às vezes de joelhos ou, até, rastejando. Estão aqui, por vezes, 300 mil pessoas, mas o que passa são as penitências de poucos milhares. Como se Fátima fosse só isso. É uma visão redutora distorcida e deformada.
Acha que é a mesma mentalidade que os leva a correr para as coisas apocalípticas?
Não, há outros factores. Às vezes, quando vejo essas pessoas penintentes, tenho muito respeito porque penso nos dramas que estão a viver, ou que viveram. Merecem todo o nosso respeito. Mas Fátima não é só isso, nem é, principalmente, isso. Fátima é uma mensagem de conversão do coração ao amor misericordioso de Deus. É a primeira coisa. É uma mensagem de reparação, no sentido em que as pessoas não se resignem à banalização e à fatalidade do mal e se sintam empenhadas, quer na oração, quer na acção, empenhadas na reparação do pecado do mundo, em reparar o que está mal, a começar por nós mesmos. O coração que está mal, o nosso modo de pensar, de agir, de estar como cristãos, como pessoas humanas e, depois, nas relações entre as pessoas, nas relações entre os povos, isto é reparação. Muitas vezes, reduziu-se isto ao mero sacrifício… Depois, há a oração, concretamente, a oração simples do rosário que nos põe em comunhão com os mistérios de Cristo - mistérios de alegria ou mistérios dolorosos e mistérios da esperança, gozosos. Quer dizer, a gente passa a história da nossa vida e a história da vida do mundo à luz de Cristo e também da mensagem de Nossa Senhora. Portanto, a dimensão do sacrifício aparece na Mensagem, mas aparece nos pastorinhos como uma pedagogia, com aqueles gestos simples de crianças, capazes de se sacrificarem pelos outros. É uma uma pedagogia muito bonita.
Com tanto desejo de conforto e bem-estar a marcar os dias de hoje, esses gestos não entraram em desuso?
Hoje, esquece-se o ser capaz de se sacrificar pelos outros, de fazer da nossa vida uma oblação, uma entrega a Deus, a favor dos outros, sempre.
Como se consegue fazer passar essa necessidade? Não é uma coisa estóica?
Nem estóica nem masoquista.
Então, é o quê?
Tem este sentido de entrega e doação. Sempre a Deus, naturalmente. “Quereis oferecer-vos a Deus para a reparação do pecado do mundo, mesmo aceitando os sofrimentos da vida”? E eles - os pastorinhos - aceitaram os sofrimentos. Primeiro, na própria família, porque não foram compreendidos, não acreditavam neles. Sofrimentos, também, com os jornalistas e com os interrogatórios, que eles, coitados, pequeninos, detestavam. Não compreendiam o porquê tanta insistência. E também o próprio sofrimento da doença, a que dois deles foram sujeitos.
Hoje em dia, não é algo incorrecto, errado pôr o sofrimento como um objectivo?
Não é um objectivo. O sofrimento não é um objectivo, o sofrimento faz parte da vida. É dar-lhe um sentido e vivê-lo com um sentido muito concreto. Não podemos dizer “Nosso Senhor quer que soframos”. Não. Quer, sim, que acolhamos o sofrimento, que é natural na vida, e que sejamos capazes de o enfrentar e de o assumir quando é necessário, a favor dos outros. Eu faço muita coisa na vida - que, às vezes, me custa - por amor. É isso: por amor aos outros.
O ponto fulcral é a falta de amor?
Sim, é ser capaz de se sacrificar pelos outros, não sacrificar os outros ao seu egoísmo nem ao seu capricho ou aos seus projectos. Portanto, é uma dimensão positiva, não é uma dimensão estóica nem masoquista. É uma dimensão positiva do amor. Não há amor sem sacrifício, mas não é preciso andar a procurá-lo. Ele faz parte da cruz de cada dia.
Qual é, então, a condição para conseguir viver assim? A vida, hoje em dia, parece tão vertiginosa… Não terá sido por acaso que esta Mensagem foi proposta a crianças e não a adultos. Acha que os adultos andam mais a correr e com mais preocupações? Estaremos a perder uma certa simplicidade que seria necessária?
Simplicidade, gestos simples. E, depois, esta confiança em Deus e no Coração Imaculado de Maria, porque Nossa Senhora usou a linguagem do coração, aqui, em Fátima. É a linguagem que toda a gente entende: de coração a coração. Os intelectuais, às vezes, fazem uma grande confusão, dizendo que isto é para uma sub cultura, que é só para os ignorantes, mas não. É a linguagem do coração, que toda a gente entende. Como dizia o cardeal Newman, “o coração fala ao coração”.
Há pessoas que não vêm tanto, ou não vêm, a Fátima. É isso que explica a aposta do Santuário em cativar “outros públicos”, como os do universo da cultura e da investigação científica?
É verdade, era uma falta que se sentia, o traduzir, o comunicar a Mensagem em novas linguagens, para os tempos de hoje e para os diferentes destinatários. Portanto, em termos de culto e de celebração, tínhamos e temos uma riqueza de propostas e iniciativas. Mas faltavam-nos, de facto, propostas da ordem cultural, com linguagens novas, da arte, da cultura, da literatura, do digital - como agora também fizemos para as crianças -, da encenação, da música clássica, e também moderna. É um novo método de evangelização, com novas linguagens de evangelização, para mostrar, também, que a Mensagem de Fátima é inspiradora da cultura e não é uma sub cultura. Temos encontrado bastante eco, porque foram imensas as propostas que vieram ter connosco.
Sentiram-se desafiados?
Sentiram-se desafiados e, a certa altura, já não pudemos aceitar mais iniciativas e propostas, porque já estava o programa cheio. Veja só: na agenda cultural já publicada para este ano, desde Fevereiro até Outubro do próximo ano, há 150 iniciativas de ordem cultural, artística e literária.
Há mais e novos motivos para passar por aqui?
Não faltam.
Este é o 13 de Maio anterior ao centenário. Que intenções traz? Podemos saber o que vai pedir a Nossa Senhora de Fátima?
Vou pedir três coisas. A primeira, é pelo Santo Padre, para que Nossa Senhora lhe dê saúde e a fortaleza em ordem à reforma da Igreja, que está a realizar muito bem, uma Igreja em saída, próxima das pessoas e também rica de misericórdia. Em segundo lugar, é o tema da paz e dos refugiados. E o terceiro é ter bem recente a renovação espiritual do país, sobretudo, por causa da visita da Imagem peregrina, que não foi muito noticiada nos meios de comunicação, mas que foi um êxito por todo o lado, até aqui, na diocese de Leiria. Na cidade, na prisão e no hospital onde fui, houve momentos comoventes, em que as pessoas se sentiram tocadas. E tive informações de outros bispos ode que a passagem da Imagem peregrina reconciliou famílias, reconciliou grupos e reconciliou comunidades e paróquias que estavam divididas ou agressivas, umas contra as outras. Portanto, Nossa Senhora também levou a ternura e a reconciliação de que o país precisa.