Portugueses em Hollywood concordam com greve de argumentistas
03-05-2023 - 08:05
 • Lusa

A greve começou esta terça-feira e foi determinada após o falhanço das conversações entre o sindicato que representa 11.500 argumentistas e a Alliance of Motion Picture and Television Producers (AMPTP), que representa os estúdios da Netflix, Amazon, Apple, Disney, Warner Bros. Discovery, NBC Universal, Paramount e Sony.

A greve dos argumentistas que está a paralisar Hollywood, desencadeada pelo Writers Guild of America (WGA), é má para toda a indústria, mas um passo necessário, disseram à Lusa vários portugueses radicados em Los Angeles que trabalham no entretenimento.

"Estou em solidariedade com a WGA a 100%, porque acredito mesmo que a sobrevivência dos escritores está em risco", afirmou o argumentista Filipe Coutinho, membro da Academia Portuguesa de Cinema que está em Los Angeles há vários anos. "Em questão está a sobrevivência do futuro da escrita como uma carreira viável", considerou.

A greve, que começou esta terça-feira, foi determinada após o falhanço das conversações entre o sindicato que representa 11.500 argumentistas e a Alliance of Motion Picture and Television Producers (AMPTP), que representa os estúdios da Netflix, Amazon, Apple, Disney, Warner Bros. Discovery, NBC Universal, Paramount e Sony.

"Os pagamentos residuais desapareceram completamente com a mudança para o 'streaming' da televisão tradicional", disse à Lusa o argumentista Mário Carvalhal, radicado nos Estados Unidos há 12 anos.

Estes pagamentos permitiam aos argumentistas continuarem a receber receitas provenientes de séries ou filmes em que trabalharam e que depois foram licenciadas para mercados internacionais ou para passarem novamente na televisão.

"Argumentistas, realizadores e atores fazem filmes de 'x' em 'x' anos mas têm que sobreviver no entretanto. Esses pagamentos residuais eram uma grande fonte de rendimento", explicou Mário Carvalhal.

Também a atriz Kika Magalhães, que está em Los Angeles há cerca de oito anos, concorda com a greve, apesar dos efeitos negativos.

"Concordo porque eles estão a ser muito mal pagos", disse à Lusa. "Tem de ser feito, as pessoas têm de ser recompensadas pelo seu trabalho e não ser só os executivos no topo a ficarem com o dinheiro", argumentou.

A atriz referiu que a ameaça de greve já vinha pairando há alguns meses e basicamente secou o mercado para os atores, com poucas ou nenhumas audições a acontecerem.

"Já ouvi dizer que isto pode durar até seis meses", afirmou a atriz, lamentando que a situação tenha chegado a este ponto tão pouco tempo depois da Covid-19. "Isto vai ser outra pandemia para quem trabalha na indústria", considerou.