O Centro Europeu para a Prevenção e Controlo das Doenças defende a reabertura das escolas assim que possível e recomenda medidas para o regresso o mais seguro possível às aulas presenciais. Mas há receios de que algumas dessas medidas não possam ser implementadas em determinados estabelecimentos na Europa.
Num relatório publicado em agosto, o Centro Europeu para a Prevenção e Controlo das Doenças analisa a situação da Covid-19 entre as crianças, o papel das comunidades escolares e as medidas necessárias a implementar na reabertura escolar por forma a evitar a propagação do vírus e tornar mais seguro o regresso às aulas.
Esta agência europeia defende a reabertura das escolas assim que possível para garantir às crianças um ambiente de aprendizagem adequado e evitar efeitos sociais negativos.
A directora deste organismo europeu, Andrea Ammon, deixou claro - numa videoconferência com deputados da comissão de Saúde Pública do Parlamento Europeu, no início deste mês - que o encerramento das escolas devido à pandemia deve ser a última medida a tomar. "As escolas são realmente uma parte essencial da sociedade e da vida das crianças. É muito importante que as crianças tenham a possibilidade de estarem com os seus pares. É por isso que concluímos que o encerramento das escolas deve ser a última medida a adotar, se necessário".
Andrea Ammon sublinhou também que as crianças raramente são afetadas pelo vírus e que as pessoas com menos de 18 anos afetadas representam menos de 5% do total de casos. As crianças registam menos hospitalizações, têm sintomas mais leves, e por vezes são até assintomáticas o que dificulta a deteção de casos, reconheceu também.
A diretora do Centro para o Controlo de Doenças sublinhou que ainda é difícil dizer se é útil fechar os estabelecimentos escolares para evitar a propagação do vírus mas também disse que nos Estados-membros que reabriram as escolas mais cedo, após o confinamento, não se registou um aumento dos contágios (nesses estabelecimentos). Ressalvou que essa reabertura escolar aconteceu com medidas sanitárias reforçadas que a agência volta a recomendar neste período de regresso às aulas presenciais um pouco por toda a Europa.
Para além das precauções habituais que passam pelo aumento do distanciamento físico, lavagem regular das mãos, máscaras de proteção, regras de etiqueta respiratória (uso de lenços ou do antebraço para espirrar ou tossir), a agência europeia aponta igualmente para uma adequada ventilação e limpeza dos estabelecimentos escolares.
Na videoconferência, a eurodeputada do PS Sara Cerdas reconheceu que a comunidade escolar está consciente para a correta etiqueta respiratória e higienização das mãos mas alertou para o facto de muitas escolas não terem condições, em termos de infraestruturas, para fazer face aos desafios. “Tendo em conta que uma grande parte das escolas possui limitação em termos de espaço físico, torna-se muito difícil para estas aumentarem o distanciamento físico entre os alunos”. Afirmou ainda que - devido às infraestruturas -, algumas escolas "podem não estar preparadas para melhorar a ventilação sem comprometer o aquecimento”.
À Renascença, a eurodeputada sublinhou a importância do reinício das escolas, de garantir um ano letivo relativamente normal mas também para a necessidade de todos estarem preparados para o pior cenário. Se houver surtos, será necessário voltar às aulas à distância ou organizar um sistema misto.