A venda de livros em Portugal cresceu 14,1% no primeiro semestre deste ano, em número de unidades vendidas, o que corresponde a um aumento de 18,9% em valor, de acordo com dados da consultora Gfk hoje divulgados.
De acordo com um estudo sobre o comportamento do setor da leitura, que abrangeu nove países, a Gfk - entidade independente que em Portugal faz auditoria e contagem das vendas de livros ao longo do ano - concluiu também que, nestes primeiros seis meses do ano, o preço médio dos livros sofreu um ligeiro aumento, de 4,2%, para o equivalente a 12,98 euros, em média.
As categorias de livros mais vendidos foram os "Técnicos/Científicos" e "Vida prática/Lazer/Atualidades", registando uma evolução de 22,9% e 23,2%, respetivamente.
Em termos de canais de venda, as livrarias foram os espaços mais escolhidos pelos consumidores para a compra de livros, correspondendo a 61,6% do total, o que se traduziu num aumento de 16,9%, face ao mesmo período do ano passado.
Em contraste, 38,4% das vendas de livros foram feitas através de híper e supermercados.
Há aproximadamente um ano, em outubro de 2020, a venda de livros em Portugal recuperava "algum fôlego" da queda abrupta que registou devido à pandemia, mas ainda assim, naquela altura, continuava a registar uma quebra de 15,8%.
Entre 19 de março e 2 de maio do ano passado, o país esteve em situação de estado de emergência, que transitou imediatamente para o de calamidade, e o mercado caiu a pique: o levantamento feito pela Gfk, entre a segunda semana de março e a última de maio desse ano, revelava uma quebra de 57,6%.
Já no primeiro semestre deste ano, à semelhança do cenário português, também se verificou um comportamento positivo face à venda de livros nos restantes países abrangidos pelo estudo, em comparação com 2020 e com 2019, o ano pré-pandémico.
Em alguns países, o volume de vendas apresentou um crescimento superior a um terço, no espaço de um ano, com França à cabeça, a registar uma variação positiva de 43,4%.
Segue-se Espanha, Itália e Brasil, que demonstraram uma evolução de 38,3%, 36,8% e 33,4%, respetivamente.
Apesar de terem também variação positiva, alguns países mantiveram-se com uma evolução mais subtil, nomeadamente a Suíça (11,1%), os Países Baixos (4,3%) e a Alemanha (4,1%).
O estudo analisou ainda duas regiões da Bélgica, sendo que, na Flandres, a evolução foi de 6,8% e, na Valónia, foi mais do dobro (33,8%).
Também nestes países se verificaram as mesmas tendências de mercado encontradas em Portugal: a subida de valor dos preços médios dos livros e a categoria de não-ficção - que inclui obras políticas, financeiras, de culinária, de "lifestyle" e sobre temas ligados ao feminismo -- a reunir as preferências, em detrimento das obras de ficção.
O mercado das bandas desenhadas, especialmente as mangas, mantém a sua popularidade, especialmente em França, Itália e Espanha, ao passo que o vídeo "streaming" se revelou um fator de ajuda ao mercado literário, por fomentar a compra de livros que inspiraram filmes e séries.
Por último, a GfK conclui que o interesse pelos "e-books" começa a diminuir e não conseguiu manter-se a par e passo com o desenvolvimento positivo que teve no ano anterior.