O diretor executivo do Serviço Nacional de Saúde (SNS), Fernando Araújo, disse esta segunda-feira que as demissões na obstetrícia do hospital de Santa Maria, em Lisboa, não obscurecem que ali será criado o "maior bloco de partos do país".
"Há aqui alguma discussão do ponto de vista das lideranças do serviço em si, agora isso não obscurece que a questão mais relevante é que vamos ter um serviço novo no próximo ano, será, eventualmente, o maior bloco de partos do país, o mais diferenciado", disse hoje Fernando Araújo em Matosinhos (distrito do Porto), numa visita ao Centro de Avaliação Médica e Psicológica (CAMP) da Unidade Local de Saúde (ULS).
O responsável recordou que "vão ser investidos ali mais de três milhões de euros", algo que "é bom para todos: para os profissionais - dá-lhes segurança, qualidade - e para as utentes, que vão ter condições únicas de humanização", referiu.
"Para as grávidas, a resposta continua totalmente íntegra, não há nenhuma limitação, restrição ou qualquer questão de segurança na resposta às grávidas, elas podem estar tranquilas que o serviço de obstetrícia continua a responder com enorme tranquilidade e segurança às suas necessidades", disse ainda Fernando Araújo sobre as condições atuais de operação da obstetrícia naquela unidade.
Na sexta-feira, os chefes e subchefes das equipas de urgência, com exceção de um, do serviço de obstetrícia do Hospital Santa Maria, em Lisboa, apresentaram demissão do cargo, confirmou à agência Lusa a Federação Nacional dos Médicos (FNAM).
Sobre as razões da demissão dos responsáveis, que foi avançada pela SIC Notícias, a presidente da FNAM, Joana Bordalo e Sá, afirmou que vem na sequência de o Conselho de Administração ter comunicado o encerramento do serviço de obstetrícia devido às obras da nova maternidade do Hospital Santa Maria, que integra o Centro Hospitalar Lisboa Norte (CHULN).
Hoje, sobre as demissões, Fernando Araújo disse que "agora importa dialogar, envolver", tendo "a certeza que todos estarão do lado da solução, que é criar melhores condições de trabalho e de resposta às utentes".
"Isto é por um bem maior, é termos melhores condições de trabalho, ninguém quer o contrário disso, e portanto acho que, havendo esse envolvimento que está a acontecer com o Conselho de Administração, com os profissionais, chegaremos seguramente a bom porto nesse sentido", acrescentou, sobre as demissões.
No dia 19, o CHULN divulgou a decisão de afastar a direção do Departamento de Obstetrícia, Ginecologia e Medicina de Reprodução (que inclui Diogo Ayres de Campos e a diretora de Obstetrícia, Luísa Pinto), alegando que a estrutura vinha a assumir posições que, “de forma reiterada, têm colocado em causa o projeto de obra e o processo colaborativo com o Hospital São Francisco Xavier, durante as obras da nova maternidade do HSM [Hospital Santa Maria]”.
O que está previsto é que, enquanto o bloco de partos do Hospital de Santa Maria estiver fechado para obras - nos meses de agosto e setembro -, os serviços fiquem concentrados no Hospital S. Francisco Xavier (Centro Hospitalar Lisboa Ocidental), que encerrava de forma rotativa aos fins de semana e, a partir de 01 de agosto, volta a funcionar de forma ininterrupta sete dias por semana.