A Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos é assinalada, nos países do hemisfério norte, de 18 a 25 de janeiro. O tema deste ano - “Aprendei a fazer o bem, procurai a justiça” - foi retirado do Livro de Isaías. A escolha foi feita por um grupo de cristãos do Minnesota, Estados Unidos da América, que preparou os textos de reflexão para esta semana, e que partiu da sua própria experiência de discriminação e racismo, para alertar para a generalização de determinadas práticas.
“O pecado do racismo é evidente em qualquer crença ou prática que distinguem ou elevam uma ‘raça’ acima de outra. Quando isso é acompanhado ou sustentado por desequilíbrios no poder, o preconceito racial supera os relacionamentos individuais e atinge as próprias estruturas da sociedade, com a sistemática perpetuação do racismo”, lê-se na reflexão proposta, que não isenta de responsabilidade as igrejas e comunidades cristãs.
“A história mostra que, em vez de reconhecer a dignidade de todo ser humano criado à imagem e semelhança de Deus, muitos cristãos frequentemente se deixam envolver por estruturas de pecado como a escravidão, a colonização, a segregação e a separação que feriram a outros na sua dignidade por questões raciais. Assim também dentro das Igrejas, muitos cristãos têm falhado no reconhecimento da dignidade de todos os batizados e têm desprezado a dignidade de seus irmãos e irmãs em Cristo, baseando-se em supostas diferenças raciais”.
Lembrando que “o racismo é, tragicamente, parte do pecado que tem dividido os cristãos entre si” e que “o preconceito racial tem sido uma das causas da divisão cristã que despedaçou o Corpo de Cristo”, o documento lembra as “ideologias tóxicas, como a Supremacia Branca e a doutrina da descoberta” que “têm causado muitos danos, particularmente na América do Norte”, e que “as Igrejas em muitas partes do mundo percebem como se acomodaram diante de normas sociais, e como se calaram ou foram cúmplices no que diz respeito à injustiça social”, o que exige mudança.
“Para agir com justiça temos que respeitar todas as pessoas. A justiça exige um tratamento verdadeiramente igualitário para corrigir a desvantagem histórica baseada em ‘raça’, género, religião e status socioeconómico”, mas “caminhar humildemente com Deus requer arrependimento, reparações e, finalmente, reconciliação”, alerta ainda o texto, que desafia os cristãos a unirem-se “pela igualdade” e numa “responsabilidade partilhada”, para “desmontar sistemas de opressão e defender a justiça”.
“A Semana de Oração é o tempo perfeito para os cristãos reconhecerem que as nossas Igrejas e confissões não podem ficar separadas por conta das divisões que existem dentro da mais ampla família humana. Todos pertencemos a Cristo”.
Escolha do tema
A Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos 2023 decorre de 18 a 25 de janeiro nos países do hemisfério norte. O tema deste ano - “Aprendei a fazer o bem, procurai a justiça”, do Livro de Isaías, foi escolhido pelo Conselho de Igrejas de Minnesota, que preparou os textos, publicados depois em conjunto pelo Dicastério para a Promoção da Unidade dos Cristãos, do Vaticano, e pela Comissão Fé e Constituição, do Conselho Mundial de Igrejas.
Do grupo de cristãos do Minnesota fizeram parte representantes de diversas comunidades (clérigos de vários gerações e leigos), de diferentes experiências de culto e expressões espirituais – incluindo dos povos indígenas dos Estados Unidos e de migrantes -, e também vítimas de racismo. De acordo com o Vatican News, “esta diversidade permitiu uma reflexão profunda e uma experiência de solidariedade enriquecida por muitas perspetivas diferentes”, com vista a erradicar divisões.
Participação do Papa na Semana de Oração
No arranque da Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos, dia 18 de janeiro, o Papa Francisco irá presidir à habitual audiência pública de quarta-feira, sendo previsível que faça referência à iniciativa. Domingo, dia 22, celebrará Missa às 9h30 (8h30 em Lisboa), na Basílica de São Pedro, e dia 25, na Solenidade da conversão de São Paulo, presidirá ao encerramento da Semana, com a Oração de Vésperas, às 17h30 (16h30 em Lisboa), na Basílica de São Paulo Fora de Muros.