Carles Puigdemont, ex-presidente catalão, apresentou esta terça-feira, numa conferência de imprensa em Bruxelas, as suas condições para se sentar à mesa com Pedro Sánchez e negociar uma eventual investidura do secretário-geral do PSOE.
Assinalando que, ao dia de hoje, não será possível qualquer acordo, por ter sido "perseguido e criminalizado", Puigdemont elencou as "condições que não existem e se devem criar", disse, citado pelo El Mundo, pedindo o reconhecimento da legitimidade democrática dos independentistas.
O ex-líder catalão exige, assim, o abandono da "via judicial", através de uma amnistia que cubra todos os processos relacionados com o separatismo desde 2014 na comunidade autónoma da Catalunha, e a criação de um mecanismo de supervisão que obrigue os seus interlocutores a manterem as suas promessas.
Atualmente eurodeputado, Puigdemont exigiu ainda que o catalão seja reconhecido como uma língua oficial nas instituições da União Europeia.
Os sete votos do Junts per Catalunya, de Puigdemont, são cruciais para Pedro Sánchez, que ainda se mantém em funções como primeiro-ministro - tendo sido derrotado pelo PP nas últimas legislativas - conseguir um novo mandato.
Durante a sua intervenção que, segundo o El País, durou 24 minutos, o eurodeputado insistiu na necessidade de um "compromisso histórico" com a Catalunha para Sánchez conseguir o apoio do Junts, através de "atos e não de palavras". "A nossa experiência obriga-nos a desconfiar da palavra que nos dão", sublinhou.
Recorde-se que Puigdemont esteve reunido na segunda-feira, em Bruxelas, com Yolanda Diaz, líder do partido de esquerda Sumar e vice-presidente do governo espanhol em funções. A reunião foi considerada por Alberto Núñez Feijóo, presidente do Partido Popular (PP) - o partido que conseguiu mais votos nas eleições de julho - como uma "anomalia democrática", tendo o líder do PP pedido a demissão de Diaz.
Questionado sobre uma eventual amnistia aos separatistas em troca do apoio à investidura de um governo de coligação PSOE-Sumar, Feijóo referiu que "em nenhum programa eleitoral estava a amnistia" e que Sánchez negou essa possibilidade durante a a campanha eleitoral. "Enganou-nos, é evidente", concluiu.