O presidente da Antral, uma das principais figuras da contestação à regularização de plataformas como a Uber e a Cabify, nega que a violência seja uma forma válida de protesto.
Em entrevista à Renascença, Florêncio da Almeida diz que que um dos detidos da manifestação que paralisou na segunda-feira a zona do aeroporto está a receber apoio jurídico da associação.
O dirigente associativo aponta o dedo a uma alegada promiscuidade entre a classe política e a Uber e nega, por outro lado, que tenha um interesse económico no negócio dos tuk-tuks, como lhe tem sido apontado.
Segunda-feira os taxistas voltam aos protestos. Para onde vão?
Segunda-feira vamos para a porta do Presidente da República, se até lá não formos recebidos. Ele não tem nada a ver com isto, mas temos de lhe pedir para não promulgar a lei e para usar a sua influência sobre o Governo para que as coisas sejam regulamentadas com lealdade.
Tem sido muito crítico do processo político…
Há políticos que estão vendidos. Não posso dizer quem, naturalmente. Aliás, há políticos que estão a pensar no seu futuro. Até já ouvi que há maridos de deputadas que são os maiores fornecedores de viaturas para a Uber. Se é verdade, ou não, não sei.
Vai dizer aos seus associados para não usarem violência na próxima manifestação ou, pelo menos, para não cederem a eventuais provocações?
Esse foi sempre uma preocupação nossa. Não é com violência que resolvemos os nossos problemas. Não pode ser meia dúzia de arruaceiros que denigrem toda a uma classe, porque em todas as profissões existem, e nós também os cá temos.
Considera correcto que a Antral esteja a dar apoio jurídico a quem vandalizou o carro da Uber?
Há situações em que não devia acontecer, principalmente quando há problemas como aquele de ontem, quando partiram um vidro, ou lá o que foi, porque eu não vi. Nestas situações de violência, se calhar não devíamos dar apoio. Mas como não classificámos em que situações dávamos apoio ou não, temos o dever de dar esse apoio jurídico. A partir daí eles serão responsáveis pelos actos que praticam.
Diz que não viu. Mas não viu sequer as imagens na televisão?
Vi na televisão. Mas ver na televisão é uma coisa, estar lá é outra.
Quantas pessoas estão a receber esse apoio?
Que eu saiba, para julgamento existe um. Para os outros fomos à esquadra, mas não nos voltaram a contactar.
Dizem que não falam nunca nos tuk-tuks e dos carros de turismo porque tem grandes interesses nesse sector. É verdade?
Tudo o que faço é dentro da lei e se tivesse tuk-tuks também estaria a cumprir a lei.
Mas tem ou não?
Não tenho, não. Nem em nome de qualquer familiar, como falsamente me acusam, para denegrir a minha imagem. Porque os incompetentes, quando não têm ferramentas nem motivos, para denegrir a imagem de uma pessoa usam a calúnia.