A antiga diretora do Departamento Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP), Cândida Almeida diz-se "surpreendidíssima" com a divulgação de informação da tentativa de atentado terrorista de um jovem de 18 anos, por parte da Polícia Judiciária (PJ) e defende que, por norma, "atos terroristas falhados não devem ser divulgados".
"Estou muito surpreendida. Não se devem divulgar, porque cria o pânico. É contraproducente.", critica, à Renascença.
Cândida Almeida explica que a divulgação de atos terroristas falhados "imprime outra força" à tentativa e pode levar a que "outros pensem fazer o mesmo".
"A sociedade está a atravessar uma fase calma e veio criar um alerta, que já se viu nos jovens e nos pais", aponta.
A antiga diretora do DCIAP refere mesmo que já houve uma ocasião semelhante há alguns anos atrás em que foi impedido uma tentativa de ato terrorista "e ninguém soube".
Questionada sobre os motivos que possam ter levado a PJ a divulgar este caso, Cândida Almeida admite que, em teoria, a divulgação de um ato falhado pode ser usado para detetar cúmplices, contudo, "se o caso ficar por aqui, foi percipitado" e aceita que a força de segurança pode ter querido "colocar-se em bicos de pés".