Japão. Contaminante em vacina da Moderna pode ser partícula metálica
27-08-2021 - 11:12
 • Marta Grosso com agências

Na quinta-feira, foram suspensas mais de um milhão e meio de doses da vacina, após terem sido encontradas “substâncias estranhas” em frascos selados. Ministério da Saúde já veio dizer que não foram detetados problemas em pessoas vacinadas com estes lotes.

O contaminante encontrado no Japão, em lotes da vacina da Moderna contra a Covid-19, será uma partícula metálica, avança nesta sexta-feira a emissora pública japonesa NHK, citando fontes do Ministério da Saúde.

De acordo com um relatório publicado na quinta-feira à noite, a partícula em causa reage a ímanes, daí a suspeita de ser um metal. A Moderna descreve o contaminante como um “material particulado” que não representa um problema de segurança ou eficácia.

A composição do contaminante não foi, contudo, ainda confirmada.

Na quinta-feira, o Japão suspendeu o uso de 1,63 milhões de doses da vacina “Spikevax” (nome atribuído ao medicamento da norte-americana Moderna) em 863 centros de vacinação de todo o país – isto, mais de uma semana depois de o distribuidor nipónico, Takeda Pharmaceutical, ter recebido relatos de “substâncias estranhas” em alguns frascos ainda selados.

Pessoas já vacinadas não apresentam problemas

Nesta sexta-feira, o Ministério da Saúde japonês indicou que não foram detetados quaisquer problemas em pessoas inoculadas com a vacina da Moderna contra a Covid-19, da qual a administração de alguns lotes foi suspensa.

As autoridades japonesas dizem continuar a investigar as causas da presença de impurezas em 39 frascos da vacina “Spikevax”, o que levou à suspensão preventiva de 1,63 milhões de doses provenientes de Espanha – umas por utilizar, outras que já tinham sido administradas a alguns pacientes.

O ministro da Saúde do Japão, Norihisa Tamura, pediu à farmacêutica norte-americana Moderna e à distribuidora nipónica Takeda que tomassem “medidas para evitar que esta situação volte a acontecer e para encontrar a causa em breve”, de modo a “evitar preocupar as pessoas que se vacinam”.

Lotes contaminados só foram para o Japão

As doses da “Spikevax” em que foram detetados contaminantes foram enviadas apenas para o Japão, afirmou na quinta-feira o fabricante espanhol da empresa de biotecnologia dos EUA.

"A deteção desse material particulado refere-se a certos frascos de um lote de produto distribuído exclusivamente no Japão”, afirmou a farmacêutica espanhola Rovi SA em comunicado.

A empresa adianta que está a conduzir uma investigação ao problema e cooperar com as autoridades de saúde.

Até agora, tanto a Moderna como a japonesa Takeda Pharmaceutical, responsável pela venda e distribuição da vacina no Japão, afirmam não ter recebido qualquer relatório sobre questões de segurança.

Na quinta-feira, dia em que foram suspensos os lotes, a Moderna adiantou que “a origem do incidente” poderia “estar numa das linhas de fabrico da Rovi”, pelo que, “por precaução, este lote e dois lotes adjacentes” foram suspensos.

Por contrato com a Moderna, a fábrica da Rovi nos subúrbios de Madrid está responsável pelo processo final de produção das doses de vacinas enviadas para fora dos Estados Unidos, enchendo os frascos com matéria-prima produzida por uma empresa suíça.


Segundo fontes do Ministério japonês da Saúde, em declarações à agência de notícias espanhola EFE, o Japão pretende continuar a ser fornecido através de Espanha de vacinas da Moderna, pelo menos enquanto decorrer a investigação.

A maioria dos lotes suspensos na sexta-feira já tinha sido distribuída pelos centros de vacinação no Japão, por empresas e outras organizações responsáveis pela inoculação, tendo alguns sido administrados.

Cerca de 54% da população japonesa já recebeu pelo menos uma dose da vacina contra a Covid-19, segundo a Reuters.

A doença provocou pelo menos 4.461.431 mortes em todo o mundo, entre mais de 213,79 milhões de infeções pelo novo coronavírus registadas desde o início da pandemia, segundo o mais recente balanço da agência France-Presse.

Em Portugal, desde março de 2020, morreram 17.689 pessoas e foram contabilizados 1.028.421 casos de infeção confirmados, segundo dados da Direção-Geral da Saúde.

A doença respiratória é provocada pelo coronavírus SARS-CoV-2, detetado no final de 2019 em Wuhan, cidade do centro da China, e atualmente com variantes identificadas em países como o Reino Unido, Índia, África do Sul, Brasil ou Peru.