A Associação Nacional de Sargentos critica a forma "extemporânea" com que o almirante Mendes Calado foi exonerado do cargo de chefe de Estado-Maior da Armada (CEMA) e admite que a independência militar pode estar em causa.
Em declarações à Renascença no dia em que Gouveia e Melo tomou posse como CEMA, o presidente da Associação Nacional de Sargentos, Lima Coelho, afirma que não compreende a necessidade desta substituição.
“Mendes Calado tinha sido reconduzido por dois anos. Parece-nos um pouco extemporânea esta substituição, mas de equívocos estamos nós fartos e os equívocos não ajudam em nada à serenidade e à boa missão das Forças Armadas.”
O presidente da Associação Nacional de Sargentos critica a forma como são nomeados os altos cargos militares e considera que isso compromete a independência política das Forças Armadas.
“Quem é nomeado por força partidária ou por força de um determinado partido que, na circunstância exerce funções de Governo, terá muito mais dificuldades em dizer não do que um militar que venha respaldado pela confiança dos seus pares”, argumenta Lima Coelho.
À Renascença, o sargento Lima Coelho diz mesmo que, entre os políticos, não há nenhum inocente nas polémicas deste processo.
O Presidente da República deu posse, esta segunda-feira, Henrique Gouveia e Melo como Chefe do Estado-Maior da Armada, numa cerimónia, que decorreu no Palácio de Belém e que durou cerca de um minuto e meio.
O agora almirante, que ficou conhecido por coordenar a "task force" do plano de vacinação contra a Covid-19, sucede assim a Mendes Calado, que não esteve presente na cerimónia e que, na semana passada, afirmou ter sido exonerado do cargo "contra a sua vontade".