O Sindicato Nacional do Pessoal de Voo da Aviação Civil (SNPVAC) anunciou esta segunda-feira que foram retomados os trabalhos intersindicais para organizar uma greve do pessoal de bordo a nível europeu, em contestação contra o que os representantes e o pessoal do setor consideram ser as exigências "ilegais" da Ryanair e o seu comportamento de desprezo pelos direitos dos trabalhadores.
Relembrando a reunião dos sindicatos que representam a maioria dos tripulantes de cabine da Ryanair, ocorrida em Lisboa a 24 de abril para concertar esforços contra o "comportamento inaceitável" da Ryanair, o SNPVAC e restantes signatários informam que esta segunda-feira, numa reunião em Madrid, foram analisadas as ações tomadas pela companhia low-cost irlandesa desde então e concluiu-se que nada mudou.
"Hoje, em Madrid, analisámos as ações tomadas pela Ryanair, nomeadamente os processos disciplinares que puniram apenas aqueles que fizeram a greve em Portugal e os tripulantes de outros países que se recusaram a participar nas exigências ilegais [da empresa] para substituir os trabalhadores em greve durante a semana da Páscoa", lê-se na nota enviada à Renascença. "Não iremos tolerar esta atitude da Ryanair contra os seus trabalhadores e contra a soberania dos países em que opera."
As sindicais ressaltam que, "contrariamente ao que diz a Ryanair, não existem negociações ativas com sindicatos representativos de tripulantes de cabine nem quaisquer acordos assinados desde o anúncio, em dezembro de 2017, da intenção da empresa em aceitar negociar com os sindicatos".
Greve depois de 30 de junho
O SNPVAC e restantes sindicatos europeus envolvidos neste processo - ACV/CSC, SITCPLA, UILTRASPORTI e USO - dizem ter dado "tempo suficiente para que a Ryanair iniciasse o processo de cumprimento da legislação europeia", uma luta que, é sublinhado no comunicado, "não é contra os passageiros da Ryanair nem contra a empresa em si", antes "contra o conselho de administração e contra a forma como a companhia aérea é gerida".
Os sindicalistas dizem estar "convencidos de que os acionistas envolvidos no futuro da Ryanair, bem como os órgãos de comunicação social, veem claramente que os sindicatos estão de boa-fé, de forma aberta e legítima" envolvidos em negociações. "No entanto, a Ryanair não quer aceitar o inevitável, colocando em causa a mobilidade de milhares de passageiros durante o período das férias de verão."
Face a tudo isto, anunciam o SNPVAC e restantes sindicais europeias, "reatámos os trabalhos em Madrid" para "avaliar todos os requisitos legais em cada país para a convocação de uma greve".
"Repudiamos as tentativas ilegítimas da Ryanair de tentar impor certas associações profissionais aos tripulantes de cabine, escolhidas a dedo pela companhia aérea e excluindo os sindicatos representativos da maioria dos trabalhadores", é sublinhado na nota. "Toda a gente sabe que esta estratégia escolhida pela Ryanair se deve ao medo causado por esta ação sindical coordenada que tem como único objetivo a defesa dos interesses dos tripulantes."
Os sindicatos exigem à companhia irlandesa respostas até 30 de junho, caso contrário vão mesmo avançar com a paralisação na época alta. "Iremos reunir novamente e comunicar as ações de greve para o verão, com datas precisas", prometem.