Um especialista em vulcões alertou esta quinta-feira que poderá ser necessária uma evacuação em massa de uma cidade perto de Nápoles, que se situa sobre um conhecido super vulcão onde se têm registado centenas de pequenos sismos nas últimas semanas.
Um sismo de 4.2 graus de magnitude na escala de Richter atingiu a região na quarta-feira, representando o mais forte abalo dos últimos 40 anos na região vulcânica dos Campos Flégreos, situada na baía de Nápoles, perto de Pompeia, onde milhares de pessoas morreram queimadas em 79 AD na sequência da erupção do Vesúvio.
O vulcão dos Campos Flégreos é muito maior do que o do Monte Vesúvio, tendo o potencial de matar milhões de pessoas se algum dia entrar em erupção.
Os especialistas dizem que este não é um risco iminente, mas Giuseppe de Natale, ex-diretor do Observatório do Vesúvio no Instituto Nacional de Geofísica e Vulcanologia, está a pedir que sejam feitas avaliações urgentes aos edifícios face à repetida atividade sísmica na região.
À Reuters, De Natale lembra que, da última vez em que foi registada tanta atividade sísmica nos Campos Flégreos, na década de 1980, cerca de 40 mil pessoas tiveram de ser temporariamente retiradas da cidade de Pozzuoli. Quatro décadas depois, essa cidade conta com mais de 80 mil habitantes.
"Acredito que, neste momento, o maior risco é sísmico. Mas é claro que não se pode excluir a possibilidade de uma erupção."
O especialista diz que, se o vulcão acordar devido aos sismos, o mais provável numa fase inicial seria haver uma erupção freática ou explosão de vapores, normalmente relativamente fracas e sem magma.
Na sequência do sismo de ontem, não foram ainda detetados quaisquer danos em infraestruturas da região.
Hoje, o Corriere della Sera noticiou que De Natale escreveu ao Governo na semana passada sugerindo possíveis evacuações da região de Nápoles, uma informação que o especialista confirmou entretanto à Reuters, adiantando que está a ser analisada pelas autoridades.
A caldeira dos Campos Flégreos tem um diâmetro de entre 12 e 15 quilómetros e entrou em erupção pela última vez em 1538. Uma das maiores erupções algum dia registadas no vulcão aconteceu há 39 mil anos, podendo ter estado por trás da extinção do homem de Neanderthal, dizem os especialistas.
Na sequência dessa erupção, foi encontrado magma do vulcão a cerca de 4.500 quilómetros de distância, na Gronelândia.
Vários especialistas em vulcões dizem que os milhares de pequenos tremores de terra que têm atingido a região de Nápoles desde 2019, crescendo de intensidade de ano para ano, poderão estar a ser provocados por línguas de magma sob a superfície do vulcão, a cerca de 5 a 6 quilómetros de profundidade.
O Instituto Nacional de Geofísica e Vulcanologia indica que, em média, estão a ser libertadas cerca de 3 mil toneladas de dióxido de carbono por dia na sequência da atividade vulcânica nos Campos Flégreos. Para comparação, um veículo típico de passageiros emite cerca de 4,6 toneladas métricas de CO2 por ano.