O escritor brasileiro Raduan Nassar é o vencedor do Prémio Camões 2016, o maior galardão literário de língua portuguesa. O anúncio foi feito esta segunda-feira pelo secretário de Estado da Cultura, Miguel Honrado, numa conferência de imprensa em Lisboa.
Filho de imigrantes libaneses, Raduan Nassar é natural de Pindorama, em São Paulo.
O escritor lançou o primeiro livro, o romance “Lavoura Arcaica”, em 1975 e voltou aos escaparates três anos depois com "Um Copo de Cólera", escrito durante a ditadura militar. Na década de 90, foi editada a colectânea de contos "Menina a Caminho". A obra do autor de 80 anos, licenciado em Filosofia, está editada em Portugal.
A escolha do júri do Prémio Camões foi por unanimidade. "Através da ficção, o autor revela, no universo da sua obra, a complexidade das relações humanas em planos dificilmente acessíveis a outros modos do discurso. Muitas vezes essa revelação é agreste e incómoda, e não é raro que aborde temas considerados tabu. Essa possibilidade dá-se no uso rigoroso de uma linguagem cuja plasticidade se imprime em diferentes registos discursivos verificáveis numa obra que privilegia a densidade acima da extensão", explicou o presidente do júri, Sérgio Alcides do Amaral.
Com a obra traduzida em várias línguas, Raduan Nassar fez parte, este ano, da lista alargada do Man Booker International Prize com a tradução de "Um Copo de Cólera".
O júri desta 28.ª edição do Prémio Camões foi constituído pela professora catedrática da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa Paula Mourão, pelo escritor português Pedro Mexia, pela escritora e professora da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro Flora Sussekind, pelo escritor e professor da Universidade Federal de Minas Gerais Sérgio Alcides do Amaral, pelo reitor da Universidade Politécnica de Maputo, Lourenço do Rosário, e pela professora da Faculdade de Letras de Lisboa e da Universidade de Macau Inocência Mata, natural de S. Tomé e Príncipe.
O Prémio Camões, no valor de 100 mil euros, foi instituído por Portugal e pelo Brasil em 1988, e atribuído pela primeira vez em 1989, ao escritor Miguel Torga (1907-1995).
No ano passado, foi distinguida a escritora portuguesa Hélia Correia.