Começou esta terça-feira o julgamento que já é conhecido como Vatileaks II. Os cinco acusados de roubar e divulgar documentos secretos compareceram em tribunal, apesar de se ter especulado que os jornalistas Gianluigi Nuzzi e Emiliano Fittipaldi não o fizessem.
A sessão desta manhã começou com dois pedidos de excepção. Um por parte do advogado oficioso do padre Lucio Angel Vallejo Balda, que continua detido, pedindo para adiar a data do processo para ter mais tempo na preparação da defesa e outro, pelo advogado do jornalista Fittipaldi, invocando a nulidade da acusação baseada na falta de dados para a incriminação. Ambos os pedidos foram recusados pelo tribunal.
Fittipaldi também leu e assinou uma declaração protestando a sua presença perante uma autoridade judicial diferente da italiana e recordando que em Itália a liberdade de informação está consagrada na Constituição, na Convenção Europeia dos Direitos Humanos e na Declaração Universal dos Direitos do Homem.
Os magistrados recordaram que o julgamento não está a avaliar a publicação de livros, mas o modo ilícito como os documentos foram obtidos pelos jornalistas.
No intervalo da sessão, Nuzzi – que, em 2012, já tinha publicado documentos roubados ao Papa Bento XVI – afirmou “não somos mártires, mas jornalistas”, classificando de “absurda e kafkiana” esta acção judicial.
O jornalista diz estar tranquilo, por já ter feito o que fez noutras ocasiões.
Para além de Nuzzi, Fittipaldi e Vallejo, estão a ser julgados Nicola Maio, secretário pessoal de Vallejo e Francesca Immacolata Chaouqui, uma especialista em relações públicas que trabalhou juntamente com Vallejo num órgão criado pelo Papa Francisco para coordenar a reforma das instituições financeiras da Santa Sé.
O tribunal do Vaticano já agendou as próximas sessões. Os interrogatórios terão início a partir da próxima segunda-feira, às 9h00 e decorrem ao longo de toda a semana.