O tom foi subindo à medida que o tempo foi avançando. O debate começou com os dois lados a explicarem qual é o sistema fiscal que defendem. João Cotrim de Figueiredo lembra que o partido propõe aplicar uma taxa única no IRS, independentemente do vencimento das pessoas. Catarina Martins quer criar mais escalões na tabela.
Foi só quando o tema da pandemia veio a debate que os dois líderes começaram a trocar acusações. “A Iniciativa Liberal fez da irresponsabilidade a sua propaganda”, atirou a coordenadora do Bloco de Esquerda. Catarina Martins acusa os liberais de terem rejeitado praticamente todas as medidas restritivas para se autopromoverem, dando o exemplo do arraial organizado na época dos Santos Populares pelo partido, em 2020.
Em resposta, o presidente da Iniciativa Liberal desmentiu. “O BE está a deturpar o que foram as nossas posições. Não votámos contra nenhuma medida. Votámos contra Estados de Emergência, contra excessos”. João Cotrim de Figueiredo deu exemplos, como o da liberdade de circulação, que foi suprimido durante vários períodos da crise sanitária.
O Sistema Nacional de Saúde (SNS) também dividiu os dois partidos. A Iniciativa Liberal defende que tem de haver reformas de fundo no SNS, para que as pessoas não sejam obrigadas a optar pelos privados. O Bloco de Esquerda defende um reforço, a qualquer custo, para diminuir os tempos de espera e melhorar os cuidados de saúde.
O Bloco de Esquerda acusou os liberais de criticarem o papel do Estado na economia, mas defenderem, ao mesmo tempo, que o Estado apoie a iniciativa privada. “Na Saúde ou na escola, a questão da Iniciativa Liberal não é a liberdade de escolha. É interessante, o partido que não gosta nada do Estado, depois quer um Estado-Papá para pagar os negócios de toda a gente”.
João Cotrim de Figueiredo virou-se para a falta de vontade dos bloquistas de quererem fazer mudanças estruturais. “O BE devia ser conhecido como o Bloqueio de Esquerda”. O líder do partido cola mesmo o Bloco de Esquerda aos partidos mais antigos. “Já foi conhecido por ser um partido virado para os jovens, mas perdeu a sua capacidade de ser um farol para os que querem um Portugal mais moderno”, dispara o presidente dos liberais.