Na apresentação dos resultados do primeiro semestre, esta terça-feira de manhã, a presidente executiva da TAP disse não ter dúvidas de que são positivos, mas salientou que o futuro é incerto, dado o comportamento da economia nos últimos meses.
"Temos resultados operacionais fortes na primeira metade [do ano], acima dos níveis anteriores à crise, mas sabemos que todos enfrentamos contrariedades, veremos qual será o impacto na segunda metade do ano", disse Christine Ourmières-Widener em conferência de imprensa.
"O rendimento está a melhorar, mas ainda continua a ser negativo, ainda enfrentamos contrariedades e os desafios da indústria, não só com combustível significativamente mais caro, mas também com os desafios do câmbio monetário, pois o dólar americano subiu muito este ano. Os custos de inflação e também as perturbações que começaram no segundo trimestre e que se intensificaram no terceiro", acautela a presidente executiva, alertando para o contexto de incerteza e reiterando que o plano de reestruturação continua a ser fundamental.
A TAP espera cumprir os objetivos traçados pelo ministro das infraestruturas. Segundo o ministro das Infraestruturas e Habitação, Pedro Nuno Santos, o
plano de reestruturação da TAP prevê um prejuízo de 54 milhões de euros
este ano e atingir lucro em 2025.
Sem se comprometer com valores, o administrador financeiro da TAP, Gonçalo Pires, sublinhou que a empresa deve superar o objetivo.
“O que podemos dizer com estes resultados do primeiro semestre é que, operacionalmente, a empresa está a ter uma melhor performance do que estava previsto no plano, melhor em receitas, melhor em margem operacional", refere, acrescentando que "o resultado líquido tem um impacto cambial, que se deve à valorização do dólar, é um impacto contabilístico, não de cash. A verdade é que a valorização do dólar, se as nossas dívidas estão em dólares, tem um impacto negativo”.
“Os resultados do final do ano, apresentaremos no final do ano e estamos confiantes que vamos apresentar números operacionais acima do que estava previsto no plano de reestruturação", declara.
Entre janeiro e junho, as receitas da TAP mais do que triplicaram, passando de 383 milhões de euros para 1.321 milhões e, de acordo com os responsáveis, a TAP está recuperar melhor que os restantes parceiros. Segundo Gonçalo Pires, parte da recuperação resultou da renegociação de mais de 800 contratos
“São 137 milhões de euros, são contratos de todo o tipo, desde fornecedores pequenos a fornecedores maiores, a fornecedores tecnológicos, a parceiros que são fundamentais na operação da TAP. O plano de reestruturação representa um esforço para muita gente – representa um esforço para o Estado português e para os contribuintes portugueses, para os trabalhadores da TAP e também tem de representar um esforço para os fornecedores da TAP e foi esse o esforço que foi pedido em renegociações, que ainda continuam, umas mais fáceis e outras mais difíceis, para poupanças que serão superiores ao número que agora apresentamos", detalhou.
Última tranche dos €990 milhões esperada no final do ano
A TAP espera receber a última tranche de 990 milhões de euros de ajuda estatal no final do ano e está a preparar uma ida aos mercados para refinanciar dívida privada em 2023. Gonçalo Pires explicou que não é necessário ir ao mercado refinanciar dívida este ano, uma operação que estava prevista para final de 2021 ou início deste ano, devido ao aumento de capital realizado no final do ano passado.
“Durante o ano de 2023 faremos provavelmente uma operação de mercado de financiamento em linha com os compromissos inscritos no plano”, avançou Gonçalo Pires, referindo que este refinanciamento vai ser preparado no último trimestre do ano, podendo acontecer na primeira metade de 2023.
Em causa está o refinanciamento de dívida privada da companhia que vence em 2023 e 2024, no total de 700 milhões de euros.
Para este ano, está prevista a chegada da última tranche da ajuda pública à TAP, no valor de 990 milhões de euros, sob a forma de um aumento de capital, tal como aconteceu em 2021.
Os prejuízos da TAP S.A. diminuíram no primeiro semestre deste ano para 202,1 milhões de euros, face ao valor negativo de 493,1 milhões de euros obtido em igual período do ano passado, enquanto no segundo trimestre a companhia aérea registou uma redução de 37,2% nos prejuízos, para um resultado negativo de 80,4 milhões de euros, face aos 128,1 milhões obtidos em igual período do ano anterior.