A chuva intensa tem provocado estragos, não só em Lisboa, mas também em Portalegre, o outro distrito colocado em alerta vermelho pelo Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA).
Na região foram registadas mais de 60 ocorrências desde a meia noite, avançou fonte do CDOS de Portalegre à Renascença, a maioria delas atribuídas a inundações.
Grande parte das estradas nacionais e municipais estão intransitáveis devido ao nível da água e o troço do IP2, que faz a ligação entre Portalegre e Estremoz, esteve cortado ao quilómetro 203, perto de Monforte, tendo sido reaberto por volta das 11h30.
A maioria das ocorrências diz respeito a inundações das vias, registando-se menos de uma dezena de inundações em habitações. Os concelhos mais afetados são os do sul do distrito: Elvas, Campo Maior, Arronches, Monforte e Fronteira.
Em Campo Maior, será acionado o Plano Municipal de Emergência de Proteção Civil, na sequência dos prejuízos causados nas últimas horas pelo mau tempo, avançou à agência Lusa o autarca, Luís Rosinha.
"Nós vamos fazer uma reunião às 14h30 para ativação do Plano Municipal de Emergência", disse, referindo que os moldes concretos que vão ser acionados serão definidos na reunião. O autarca, que classificou à Renascença a situação vivida em Campo Maior como "caótica". O responsável fala de estradas cortadas, árvores caídas,e a localidade sem ligação aos concelhos vizinhos.
"Devemos ultrapassar a meia centena de inundações, e a pior situação é no cenro histórico onde a ágia subiu até aos dois metros afetando as pessoas, as habitações e os carros", descreve.
Rosinha fala de pessoas sem casa, e de situações de primeira necessidade em grande quantidade que é necessário resolver ao nível da alimentação e dos medicamentos.
Luís Rosinha apelou ainda à calma, mas ao mesmo tempo manifestou-se "preocupado" com a chuva que poderá surgir nas próximas horas, e garantiu que vai ativar o Plano Municipal de Emergência.
"Há 30 anos passou-se algo parecido, mas o que vi hoje às 7h30 não tem explicação: carros que boiavam, árvores levantadas. Foi trágico, nunca tinha acontecido", relatou à Renascença.
No briefing deste final de manhã, a Proteção Civil deu conta de que foram registadas quase 1.500 ocorrências desde a meia-noite, das quais quase 700 ocorreram fora de Lisboa.
Quatro pessoas desalojadas em Pombal. Registadas 87 ocorrências em Santarém
Outros distritos em alerta laranja para a possibilidade de inundações e aumento dos caudais dos rios, Santarém e Leiria, também registam estragos.
Em Governos, no concelho de Pombal, quatro pessoas ficaram desalojadas devido ao perigo de desabamento de uma parede exterior da casa onde habitavam. A possível derrocada de um segundo muro está a colocar em risco a habitação e o serviço municipal de Proteção Civil determinou que a família ficará alojada numa casa do município, apenas por questões de segurança, até que se avalie a perigosidade da queda do muro.
Foram ainda registadas algumas inundações no distrito de Leiria, sem danos.
Em Santarém foram registadas 87 ocorrências, sobretudo deslizamento de terras, entre elas 41 referentes a inundações, 13 a quedas de árvores, quatro a quedas de estruturas e sete a limpezas de via.
O Plano de Emergência Especial para cheias na bacia do Tejo foi ativado às 10 horas desta terça-feira pela comissão distrital da Proteção Civil devido à situação na Lezíria, com descargas das barragens portuguesas e espanholas.
Fonte do CDOS de Santarém avança ainda à Renascença que o cais de Tancos, na zona da Barquinha, e parte da zona baixa de Constância está inundada.
Há também registo de inundações nos concelhos de Abrantes, Benavente, e Coruche, em vias públicas e casas, não existindo registo de feridos.
Quatro desalojados e 36 inundações no distrito de Évora
A chuva intensa que caiu esta terça-feira provocou ainda 36 inundações no distrito de Évora até às 11h30, em vias públicas e habitações, tendo deixado quatro pessoas desalojadas no concelho de Estremoz, avançou fonte da Proteção Civil à Agência Lusa.
O concelho de Estremoz foi o mais afetado, com 13 destas ocorrências. As quatro pessoas desalojadas, de acordo com o CDOS, residem no Monte da Balofa, na zona da União das Freguesias do Ameixial (Santa Vitória e São Bento), tendo "a casa chegado a ter um metro e meio de altura".
A casa ficou sem condições de habitabilidade e as quatro pessoas foram realojadas em casa de familiares, acrescentou a mesma fonte. No distrito de Évora foram ainda registadas cinco quedas de árvores e dois movimentos de massa.