O Hamas convocou para esta sexta-feira o início de uma nova revolta contra Israel em reacção ao anúncio norte-americano de reconhecer Jerusalém como capital do Estado israelita, decisão também hoje analisada de urgência no Conselho de Segurança da ONU.
“Dia 8 de Dezembro será o primeiro dia de uma Intifada contra o nosso inimigo sionista”, disse, na quinta-feira, o líder do movimento radical palestiniano Hamas, Ismail Haniyeh, num discurso na Faixa de Gaza.
“Só podemos enfrentar a política sionista - apoiada pelos Estados Unidos - lançando uma nova Intifada”, reforçou.
Donald Trump anunciou na quarta-feira que os Estados Unidos reconhecem Jerusalém como capital de Israel e que vão transferir a sua embaixada de Telavive para Jerusalém, contrariando a posição da ONU e dos países europeus, árabes e muçulmanos, assim como a linha diplomática seguida por Washington ao longo de décadas.
Os países com representação diplomática em Israel têm as embaixadas em Telavive, em conformidade com o princípio, consagrado em resoluções das Nações Unidas, de que o estatuto de Jerusalém deve ser definido em negociações entre israelitas e palestinianos.
O Hamas, que controla a Faixa de Gaza desde 2007, reconciliou-se em Outubro passado com a Fatah, movimento secular e moderado ao qual pertence o presidente da Autoridade Nacional Palestiniana (ANP), Mahmud Abbas.
O acordo de reconciliação, que acabou com quase 10 anos de desentendimentos, deu origem ao anúncio de um governo de unidade nacional.
Segurança reforçada
As forças de segurança israelitas foram mobilizadas e reforçadas em Jerusalém e na Cisjordânia, devido à convocação de protestos palestinianos para hoje, dia sagrado muçulmano.
O exército israelita reforçou desde quinta-feira as forças de defesa e de informação na Cisjordânia, com o envio de batalhões, face à previsão de manifestações e, segundo a emissora Kan, as unidades de treino “receberam instruções para estarem preparadas para o caso de ser necessário enviar reforços”.
Na quinta-feira, ocorreram os primeiros confrontos com palestinianos, na Cisjordânia, que se aproximaram dos postos militares israelitas. O exército respondeu com amplo material anti distúrbios, provocando dezenas de feridos.
O Crescente Vermelho indicou que atendeu 108 manifestantes, devido a feridas de balas de borracha, gás lacrimogéneo e quedas em Ramallah, Tulkarem, Belém, Qualquilia, Nablus, Yenin e Faixa de Gaza.
No mesmo dia em que está convocado o início da ‘terceira Intifada”, o Conselho de Segurança da ONU reúne-se de urgência em Nova Iorque para analisar o anúncio de Trump e uma eventual resposta à decisão de Washington.
A reunião de urgência foi convocada por oito dos 15 membros integrantes do Conselho de Segurança da ONU.
Desde o anúncio de Trump foram registados confrontos e manifestações na Cisjordânia e na Faixa de Gaza, mas também protestos em países como a Tunísia, Jordânia, Turquia e Paquistão.