Novo Governo. Presidente da CIP alerta para soluções "contra-natura"
12-10-2015 - 08:52
 • Redacção

“Há algumas contradições e ligações contra-natura que se desenham, se não for encontrado um Governo estável da coligação com apoio parlamentar do PS ou com uma eventual participação do PS”, diz António Saraiva. Já o presidente da AEP desvaloriza solução governativa e pede esforços para aprovação do orçamento de 2016.

O presidente da Confederação Empresarial de Portugal (CIP), António Saraiva, alerta para soluções "contra-natura" que podem sair das negociações em curso para a formação do próximo Governo.

“Há algumas contradições e ligações contra-natura que se desenham, se não for encontrado um Governo estável da coligação com apoio parlamentar do PS ou com uma eventual participação do PS”, diz António Saraiva, em entrevista à Renascença.

“Os partidos mais à esquerda não têm nada que os una em termos de projecto europeu, de manutenção da NATO ou das grandes linhas em que o PS e a coligação têm assente os seus programas”, aponta o presidente da CIP.

Neste quadro, António Saraiva vê os partidos tradicionais de Governo como a chave da solução: “Os problemas do país são grandes e os partidos responsáveis, da coligação (e não só, mas principalmente estes), têm consciência dos problemas no quadro interno e no quadro externo, com todas as ameaças que pendem sobre a economia.”

Considerando que o impasse político que se vive uma semana depois das eleições “é preocupante”, Saraiva não abandona um discurso de optimismo. "Não nos devemos alarmar”, diz. "As soluções vão ser encontradas."

“O que menos se desejaria era uma instabilidade política a somar-se a todas as outras instabilidades que já temos”, sublinha o presidente da CIP. “Ainda não temos os resultados apurados, uma vez que falta saber a Europa [os resultados dos votos dos emigrantes], mas estou convencido que acabará por imperar o bom senso.”

AEP: “Não é o momento propício para tentar grandes acordos a longo prazo”

Ainda no universo empresarial, a Associação Empresarial de Portugal (AEP) não acredita num acordo de Governo para quatro anos, mas coloca o seu foco de preocupação na aprovação do orçamento de Estado.

“Não será o momento propício para tentar grandes acordos a longo prazo. Era importante encontrar o mínimo denominador comum entre as principais forças, no sentido de podermos ter rapidamente um Governo e, acima de tudo, um Orçamento para 2016”, defende o presidente da AEP, Paulo Nunes de Almeida, em entrevista à Renascença. "Isso é que dá confiança aos agentes económicos."

Paulo Nunes de Almeida não acredita que seja possível a formação de um Governo para quatro anos. “Se eu estiver enganado, poderá ser melhor para o país, mas não acredito. Acredito, sim, que possa haver pelo menos algum tipo de acordo que permita ultrapassar esta situação", afirma.