Lisboa vai ser, entre 14 e 20 de abril, a capital mundial da engenharia de software. Cerca de dois mil profissionais da academia e da indústria, vindos de todo o mundo, vão estar num encontro que se realiza anualmente. O ano passado aconteceu na Austrália, este ano vai ser em Lisboa e com um número recorde de participantes, muitos deles estreantes vindos de África.
Rui Maranhão, da organização e membro da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto, explica que tentaram “atrair a participação de académicos e também de pessoal da indústria de países africanos, não necessariamente falantes de português”, uma dinâmica que “correu bem.
“É a primeira vez que o evento vai ter participantes de países como, por exemplo, o Mali, Senegal, Nigéria, também. Há aqui uma série de países que nunca participaram em edições anteriores da conferência”, explica à Renascença.
Além da proximidade geográfica a África que terá facilitado a vinda de especialistas deste continente, existem outras circunstâncias que justificam a afluência de pessoas. Rui Maranhão explica que, desde a pandemia, este será o primeiro evento totalmente presencial e destaca também o programa variado que está a ser organizado.
Para lá da conferência principal, nos dias 17, 18 e 19 de abril, há dezenas de outras atividades onde serão abordados diversos temas considerados atuais.
Rui Maranhão destaca a “relação da inteligência artificial com a engenharia de software”, bem como a questão da confiabilidade dos sistemas.
“Como é que nós conseguimos desenhar sistemas que são confiáveis? Isto é muito importante nos dias de hoje, porque essencialmente o software controla praticamente tudo o que nos envolve, seja quando vamos a um banco ou a um ATM, até aos nossos carros, nos dias de hoje”, explica.
Rui Maranhão destaca também o tema da sustentabilidade, um tema que considera “muito interessante”. Trata-se de pensar no “consumo energético de aplicações, como é que nós conseguimos desenvolver aplicações de forma a que sejam sustentáveis, não gastem tanta energia“, especifica.
Nesta fase de crescimento da inteligência artificial é provável que a conversa entre os profissionais do setor rume também para as questões da ética.
Rui Maranhão reconhece que “é urgente” criar um código de ética e que “já se fala” no assunto, mas, diz também que ainda não é de esperar que esse documento surja durante o encontro.
Segundo Rui Maranhão, “a tecnologia ainda está numa fase muito embrionária, muito de investigação e, portanto, ainda se está aqui a tentar perceber primeiro onde é que, de facto, a tecnologia veio e vai ficar e vai ser algo que vai ser utilizado e vai ajudar”.
“Como essas duas coisas ainda estão a movimentar-se, acho que isso leva a que ainda não se consiga assentar num código, porque pode estar obsoleto amanhã, porque a tecnologia pode ter evoluído de uma forma diferente”, remata.