O economista João César das Neves diz que o programa do Governo que foi aprovado esta sexta-feira não vai ficar como está, e mais cedo ou mais tarde o Executivo será obrigado a alterá-lo. O conflito no Leste da Europa mudou os pressupostos que existiam e obrigará a mudanças.
No habitual espaço de comentário das sextas-feiras, na Renascença, o professor universitário lembra ainda que “grande parte dos compromissos” do PS “já eram um bocadinho eleitoralistas e tinham um efeito negativo sobre a economia”
Agora com um contexto de guerra, César das Neves acredita que essas promessa “já estão completamente desajustadas”.
“Provavelmente vão ser mudadas, certamente por causa da guerra. Podiam ter aproveitado e feito isso agora, se calhar querem fazer isto na apresentação do programa e mais tarde vão mudar, mas vão ter que mudar”, acentua.
O economista lembra que a “crise está aí” e que “os preços são altos e as pessoas têm de comprar menos porque as coisas estão caras”.
A receita para resolver o problema, na ótica deste especialista não passa por o Governo mexer nos impostos ou mexer nos preços artificialmente. “O que devia fazer era começar a pensar em quais são os grupos mais atingidos e ajudar esses grupos”, apela.
César das Neves não acredita, no entanto, que António Costa escolha esse caminho. “Provavelmente não é isso que vai fazer, mas era isso que se indicaria em termos económicos”.
Em relação à inflação, tema que está na ordem do dia, o economista não crê que esta vá disparar “para valores como os que tivémos nos choques de petróleo”.
“O Banco Central Europeu não vai deixar, já prometeu que não vai haver estagflação, o que quer dizer que vai controlar a inflação”, remata.