A tripulação do navio com bandeira portuguesa que foi capturado, no sábado, pelo Irão, ainda não saiu do país. A confirmação foi dada à Renascença pelo embaixador do Irão em Lisboa, que na terça-feira foi chamado ao Ministério dos Negócios Estrangeiros.
O Governo português chamou o embaixador Majid Tafreshi para exigir a libertação dos 25 tripulantes, e admitiu tomar medidas adicionais se o Irão não cumprisse, o que até agora não aconteceu.
Contudo, o diplomata garantiu à Renascença que ninguém está detido, já que “o navio está em águas internacionais iranianas e a tripulação continua lá”.
“O que é importante referir é que cada um dos tripulantes é livre de sair quando quiser. Mais importante do que a questão técnica que justificou a nossa ação, é saber como é que eles saem e vão para o seu próprio país”, declarou Majid Tafreshi.
O embaixador disse ainda que “as embaixadas no Irão estão ativamente empenhadas e os iranianos estão a fazer o seu melhor para resolver o problema o mais rapidamente possível, para que eles possam sair”.
O diplomata iraniano confirmou que o assunto foi falado na reunião no Ministério dos Negócios Estrangeiros. Contudo, prefere sublinhar a proximidade com a posição portuguesa que – segundo diz – defendeu que é preciso evitar uma escalada da tensão no Médio Oriente.
“Estamos de acordo que precisamos de minimizar o risco de tensão. Mas é importante dizer que o que nós fizemos não foi um escalar da tensão, mas protegermo-nos de acordo com o artigo de autodefesa das Nações Unidas”, argumentou.
“Se não o fizéssemos estávamos a deixar o outro lado impune”, acrescentou, antes de considerar que “o que o Irão fez devia ser aplaudido e apoiado pela comunidade internacional”.
Já sobre a possibilidade de serem decretadas novas sanções ao regime de Teerão, o diplomata iraniano diz que estas seriam ilegais.
“É claro que as sanções nos incomodam e aumentam a inflação no Irão”, esclareceu. “Mas o que é importante é que a origem das sanções é falsa, não tem lógica. Os iranianos continuarão a resistir e a seguir a sua ideia de que é preciso ser independente e assumir o seu próprio destino”, assegurou Majid Tafreshi.
A empresa de navegação MSC, dona do navio, disse esta quarta-feira que os tripulantes estão seguros, e que estão em curso negociações para garantir a libertação dos tripulantes – todos estrangeiros - o mais depressa possível.
A libertação da carga a bordo do navio também é um dos objetivos da empresa nas negociações.