O Chefe do Estado-Maior do Exército, Rovisco Duarte, anunciou que demitiu cinco comandantes de unidades do ramo para não interferirem com os processos de averiguações sobre o furto de material de guerra em Tancos.
"Não quero que haja entraves às averiguações e decidi exonerar os cinco comandantes das unidades que de alguma forma estão relacionadas com estes processos", anunciou o general Rovisco Duarte, em declarações à RTP.
Os militares exonerados são o comandante da Unidade de Apoio da Brigada de Reacção Rápida, tenente-coronel Correia, o comandante do Regimento de Infantaria 15, coronel Ferreira Duarte, o comandante do Regimento de Paraquedistas, coronel Hilário Peixeiro, o comandante do Regimento de Engenharia 1, coronel Paulo Almeida, e o comandante da Unidade de Apoio de Material do Exército, coronel Amorim Ribeiro.
O general Rovisco Duarte adiantou que determinou três processos de averiguações à segurança dos Paióis Nacionais de Tancos, a realizar pela Inspecção-Geral do Exército, no que respeita à armazenagem, à questão da intrusão, envolvendo todas as unidades, e ao sistema de vigilância.
Estas decisões foram tomadas na sequência de um primeiro relatório-síntese que lhe foi apresentado hoje à tarde, adiantou.
Questionado sobre se ponderou demitir-se, Rovisco Duarte recusou essa possibilidade: "Quando se coloca problemas de demissão, não me passa minimamente pela cabeça", afirmou.
O responsável sublinhou que, em conjunto com outros oficiais generais do Comando do Exército, tomou "medidas concretas para implementar sistemas de vigilância e de controlo".
Rovisco Duarte admitiu desconforto pelo ocorrido, tanto mais que o Exército foi atingido "no orgulho e prestígio", considerando que foi "particularmente ingrato" porque tem vindo "pessoalmente a fazer um esforço para a vigilância e segurança das unidades".
O general reiterou que "pessoalmente" admite a possibilidade de ter havido fuga de informação face às "evidências" conhecidas, frisando que foram escolhidos dois paióis específicos em 20 e não eram os que estavam mais próximos da entrada.
Rovisco Duarte disse ainda que irá alterar o sistema de rondas.
Já este sábado, o general tinha reconhecido que quem roubou o material de guerra do quartel de Tancos tinha "conhecimento do conteúdo dos paióis" e admitiu a possibilidade de fuga de informação.
Entre o material roubado em Tancos estão explosivos, granadas foguete anticarro e gás lacrimogénio. Os militares confirmam que o sistema de videovigilância "encontra-se inoperacional”.
Entretanto, o Exército confirmou no sábado à noite que foi reforçada a segurança em Tancos e vão ser inspeccionados os paióis.
O ministro da Defesa assumiu este sábado a "responsabilidade política" pelo roubo em Tancos, depois de os partidos políticos terem criticado o sucedido, com o CDS a exigir a audição parlamentar de Azeredo Lopes e o PSD a pedir também para ser ouvido o general Rovisco Duarte.