A maioria dos jogadores portugueses em Israel já abandonou o país. O conflito em curso afeta também os atletas lusos que atuam na Liga Israelita e João Miguel Silva, jogador do Beitar Jerusalem, descreve a Bola Branca a fuga à escalada da violência na região.
O guarda-redes explica que tentou marcar viagem para Portugal, mas sem sucesso. Por fim, conseguiu sair do país com a família num voo para Madrid através de uma companhia aérea israelita.
“Cheguei a marcar voo, mas vários foram cancelados. Ninguém queria aterrar em Israel. Conseguimos vir diretamente para Madrid, mas só mesmo através de uma companhia israelita”, conta.
Desde a queda dos primeiros mísseis do grupo terrorista Hamas em território israelita, João Miguel Silva tem estado em contacto com os restantes futebolistas portugueses no país.
Em entrevista à Renascença, o guarda-redes residente em Jerusalém confirma que foi o último a deixar Israel e confirma que estão todos em segurança.
“Criámos um grupo no WhatsApp para falarmos e tentarmos ajudar-nos. Do grupo até fui último a sair, mas graças a Deus correu tudo bem e já estamos longe do perigo”, confirma.
“Noção” do perigo. Surpresa pela magnitude
João Miguel Silva foi acordado pelo “barulho das sirenes” e percebeu logo do que se tratava. Quando assinou pelo Beitar Jerusalem, em janeiro de 2023, foi “com consciência” de que se estaria a mudar para uma das zonas mais quentes do conflito dentro do território israelita.
Apesar da “noção” do perigo e de até já terem ocorrido outros ataques desde que está na cidade, o guarda-redes não esconde a surpresa que sentiu com um ataque desta dimensão.
“Claro que já sabia um pouco o que esperar quando fui para Israel, quando assinei foi com consciência disso. Às vezes há ataques, já cheguei a ver alguns, como entrar nas ruas com carros contra as pessoas e era algo de que tínhamos noção. Mas, como isto, não estava nada à espera”, admite.
Apanhado de surpresa com o ataque, João Miguel Silva descreve a preocupação que sentiu na altura, bem como os procedimentos que seguiram até conseguir sair do país.
“O meu sogro tinha ido com os miúdos ao parque e fomos logo procurar onde eles estavam, porque a minha filha já consegue perceber as coisas e estava na rua a ver bombas a rebentar no ar. Refugiamo-nos em casa, fechámos tudo e ficámos a aguardar”, lembra.
O grupo terrorista palestiniano Hamas lançou no sábado um ataque surpresa contra o território israelita, com o lançamento de milhares de mísseis e a incursão de milícias.
Em resposta ao ataque surpresa, Israel bombardeia a Faixa de Gaza. O primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, declarou que Israel está "em guerra" com o Hamas.