O líder da Iniciativa Liberal (IL), Rui Rocha, considera "infelizes e desastradas" as declarações do secretário-geral da ONU sobre o conflito entre Israel e o Hamas, esperando que António Guterres recupere deste momento e tenha "a isenção necessária" para proteger os civis.
Na quarta-feira, a IL, através das redes sociais do partido, tinha condenado as declarações "politicamente insensatas e diplomaticamente catastróficas" de António Guterres, considerando que "afundou as Nações Unidas no pântano" e lhe retirou capacidade de mediar o conflito.
"Eu remeto-me para aquilo que foi a posição tomada no partido nas redes sociais. O que eu posso dizer é que as declarações do secretário-geral da ONU, António Guterres, foram declarações infelizes", respondeu Rui Rocha quando questionado sobre esta posição do partido.
Na opinião do líder liberal, "era importante que a ONU pudesse ser, neste conflito, uma entidade vista com a capacidade de proteger as vítimas, os inocentes, os civis de todos os lados do conflito".
"Quando depois há este tipo de declarações que são desastradas, no sentido em que se apresentam como normalizando aquilo que foi um ato terrorista que não tem qualquer justificação, acabam por prejudicar o papel que a ONU pode ter e que é muito importante, sobretudo na intervenção junto das vítimas inocentes, dos civis, de todos os lados", referiu.
Rui Rocha considerou ainda que houve uma "necessidade de correção" de António Guterres com as "publicações nas suas próprias redes sociais" e "um conjunto de declarações" por não ter "criado a comunicação com o objetivo que eventualmente quereria".
"O desejável é que a ONU e o próprio secretário-geral consigam, de alguma maneira, recuperar daquilo que eu considero ter sido um momento menos feliz e consigam posicionar-se como a isenção necessária para que, precisamente aquilo que são os interesses que devem ser protegidos e que a ONU pode ter alguma capacidade de fazer, que são os civis", apelou.
Na terça-feira, na abertura de uma reunião do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU), numa intervenção em inglês, António Guterres considerou que "é importante também reconhecer que os ataques do Hamas não aconteceram num vácuo", acrescentando que "o povo palestiniano tem sido submetido a 56 anos de ocupação sufocante".
António Guterres defendeu que "as queixas do povo palestiniano não podem justificar os ataques terríveis do Hamas", assim como "esses ataques terríveis não podem justificar a punição coletiva do povo palestiniano".
No início da sua intervenção, o secretário-geral da ONU referiu que condena "inequivocamente os atos de terror horríveis e sem precedentes do Hamas em Israel" e disse que "nada pode justificar a morte, os ferimentos e o rapto deliberados de civis -- ou o lançamento de foguetes contra alvos civis".
Na mesma reunião, o ministro dos Negócios Estrangeiros de Israel, Eli Cohen, acusou António Guterres de estar desligado da realidade e de mostrar compreensão pelo ataque do Hamas de 07 de outubro com um "discurso chocante".
Na rede social X, o embaixador israelita na ONU, Gilad Erdan, pediu a demissão imediata de António Guterres das funções de secretário-geral desta organização.
Gilad Erdan anunciou ainda a decisão de Israel de não conceder vistos a representantes da ONU, numa entrevista à Rádio do Exército israelita.