Mais de uma centena de profissionais das forças e serviços de segurança estão concentrados em frente ao Palácio de Belém, em Lisboa, reivindicando melhores salários, enquanto o Papa Francisco é recebido pelo Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa.
"Estamos aqui, não só para passar a mensagem ao Governo, porque o Governo já sabe qual é a nossa mensagem, mas para passar a mensagem às pessoas e ao mundo, uma vez que este é um evento de cariz mundial, de que as polícias fazem o seu trabalho, [...] mas não é à conta do que os sucessivos governos nos têm fornecido, quer a nível de vencimentos quer a nível de condições", afirma o secretário-geral da Comissão Coordenadora Permanente dos Sindicatos e Associações dos Profissionais das Forças e Serviços de Segurança (CCP).
Em declarações aos jornalistas em frente ao Palácio de Belém, César Nogueira salienta que os profissionais "todos os dias cumprem a sua missão e não falham", considerando que "falham é os governantes".
O secretário-geral da CCP, que congrega elementos da PSP, GNR, guardas prisionais, Polícia Marítima e Autoridade para a Segurança Alimentar e Económica (ASAE), espera que o Governo atenda às exigências destes profissionais, "que estão cansados de serem desconsiderados".
"Não se pode aceitar que um polícia em início de carreira ganhe pouco mais de 800 euros, ou seja, pouco mais do que o ordenado mínimo nacional", defende.
"Aquilo que nós pretendemos é muito simples. É negociar um estatuto remuneratório, até porque o estatuto remuneratório já não é atualizado, na sua maioria, desde 2009", acrescenta César Nogueira.
O secretário-geral da CCP indica também que vai levar as reivindicações dos profissionais das forças e serviços de segurança a Bruxelas, em outubro, "caso antes não haja, por parte do Governo, uma indicação para haver uma negociação séria".
"Nós queremos é uma negociação séria, não é andarmos a arrastar-nos em reuniões [com o Governo], que não têm tido os resultados práticos, são só para cumprir calendário", vinca.
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Também o Sindicato dos Profissionais da Polícia (SPP/PSP) e o Sindicato Nacional da Polícia (Sinapol), que não fazem parte da CCP, estão concentrados em frente ao Palácio de Belém.
O presidente do Sinapol, Armando Ferreira, destaca que o sindicato pretende, em primeiro lugar, "dar as boas-vindas ao santo padre", mas "também usar a dimensão que a Jornada Mundial Juventude tem para dizer ao mundo e ao Governo português" que os polícias sentem que a sua profissão "não está a ser valorizada".
"A nossa profissão está a ser esquecida. A cada dia que passa temos cada vez mais problemas, cada vez menos polícias, exatamente porque profissionalmente e salarialmente estamos a ser completamente esquecidos", lamenta.
Por seu turno, o presidente do SPP/PSP, Paulo Macedo, salienta que o objetivo da concentração "é reivindicar alguns dos direitos que têm sido subtraídos aos polícias".
Paulo Macedo elenca um conjunto de problemas, "que o sr. ministro [da Administração Interna] não tem tido a preocupação de resolver", como os baixos ordenados e suplementos, a idade de pré-aposentação e o "sentimento de impunidade no que diz respeito às agressões a polícias".
"Também nos preocupa que haja polícias a efetuar trabalho gratuito na PSP", acrescenta, explicando que "as horas extraordinárias na PSP não são pagas, vão para um banco de horas, [...] e passados seis meses essas horas extinguem-se".