Associações de defesa dos animais criticaram em declarações à Lusa a proibição em Macau de passear os cães, uma medida justificada pelas autoridades no âmbito do combate à Covid-19, quando o território vive um confinamento parcial.
Já os donos de animais de estimação lançaram mesmo uma petição contra uma medida que consideram irrazoável e ilegal.
“A nossa posição é que levar um cão a fazer necessidades é uma necessidade razoável”, salientou a presidente da organização de defesa dos animais Anima.
“Esperamos que o Governo enfrente esta questão de frente”, até porque “ninguém sabe o que vai acontecer depois da próxima semana”, sublinhou Zoey Tang, referindo-se à possibilidade de as autoridades prolongarem o confinamento parcial.
Por outro lado, sustentou que a ordem do chefe do executivo datada de 09 de julho não declara que passear cães é um delito, razão pela qual considera ser irrazoável que as autoridades não permitam que os cães sejam levados à rua, nem que seja por um curto período de tempo.
Outra associação de proteção dos animais, a Masdaw, argumentou que a proibição é incompatível com a lei de proteção dos animais e criticou a postura do Governo, lamentando que em Macau se tenha adotado tal medida que “em alguma parte do mundo como isto não aconteceria”.
“É um erro absoluto”, desabafou.
Dono de quatro cães, João Manuel Vicente, que é advogado, não tem dúvidas: “Eu próprio acredito que não é uma medida legal”. E que, “mesmo que fosse legal, que não é justo”.
João Manuel Vicente lembrou que a proibição foi anunciada “apenas verbalmente” numa conferência de imprensa e “que essa não é a forma de criar tipos legais de crimes, precisa de um suporte legal”.
O confinamento parcial imposto para conter o pior surto de Covid-19 a atingir Macau desde o início da pandemia agravou a crise económica e tem impedido famílias e estudantes de regressar à China continental.