O secretário-geral comunista voltou à campanha das legislativas esta quarta-feira. E a realidade mudou do dia para a noite (ou da noite para o dia, como preferir).
Quando, no dia 11 de janeiro, foi noticiado que Jerónimo de Sousa ia ser operado de urgência, António Costa ainda estava a jogar na retranca, fechava todas as portas à esquerda e pedia a maioria absoluta.
Quinze dias depois, com as sondagens a deixar o PS atrás ou empatado com o PSD, tudo mudou. O líder socialista já está aberto a acordos para uma nova geringonça.
Questionado sobre como vê a mudança de atitude de António Costa, Jerónimo de Sousa diz que “caiu um pouco na realidade”.
“Queria maioria absoluta para ficar de mãos livres”, mas “percebeu que esse objetivo estava longínquo”, explica.
Mas Jerónimo não exulta de alegria, pelo contrário. Destaca, “com preocupação”, que Costa “teve logo a tendência para conversas de promessas e trocas de apoios que não vão resolver o problema”.
Perante a abertura para o diálogo demonstrada por Costa, é caso para perguntar a Jerónimo se acredita ser possível a tão falada convergência. A resposta foi uma espécie de um “nim”.
“A convergência não é um bem nem um mal em si mesmo. Mas a convergência permite encontrar soluções que a cada um pareça mais adequadas. Nós somos promotores dessa convergência, mas convergência em torno de coisas concretas e não em torno de declarações mais ou menos etéreas, de procuras de terceiros e quartos lugares”, explica Jerónimo.
O secretário-geral comunista está de regresso à campanha, aos apelos ao voto e às garantias de que o resultado da CDU ainda está em construção. A mensagem principal a passar é que quanto mais força a CDU tiver, mais a coligação pode influenciar decisões futuras de um eventual governo de esquerda.