Na Faixa de Gaza cresce a preocupação com a sobrevivência dos bebés prematuros e recém-nascidos devido aos cortes de energia que impossibilitam o uso de equipamento hospitalar, em particular as incubadoras.
Todos os hospitais, exceto um, na cidade de Gaza e no norte de Gaza estão alegadamente fora de serviço, desde 13 de Novembro, devido à falta de eletricidade, medicamentos, oxigénio, alimentos e água, agravada pelos bombardeamentos pertos dos hospitais, informou o Gabinete das Nações Unidas para os Assuntos Humanitários (OCHA).
De acordo com a organização, apenas o Hospital Al-Ahli, na cidade de Gaza, com atualmente mais de 500 pacientes, é a única estrutura médica capaz de receber doentes.
Depois da Organização Mundial da Saúde ter alertado, na última segunda-feira, que o maior hospital da cidade de Gaza, Al-Shifa, é “quase um cemitério”, com corpos empilhados a apodrecer dentro e fora das instalações, as equipas médicas tentam proteger os bebés, envolvendo-os em tecido, amarrado com fita adesiva, para aquecê-los.
“Não temos eletricidade. Não há água no hospital. Não há comida. As pessoas morrerão em poucas horas sem ventiladores a funcionar. Em frente ao portão principal há muitos corpos, também há pacientes feridos e não podemos trazê-los para dentro", refere a organização Médicos sem Fronteiras na rede social X.
Segundo um porta-voz do Ministério da Saúde de Gaza, que está dentro do hospital, morreram 32 doentes, incluindo três bebés prematuros, em três dias devido às fracas condições do hospital.
Ahmed El Mokhallalati, cirurgião do hospital, refere à Reuters, que os "bebés estão literalmente numa situação muito má onde eles morrem lentamente, a menos que alguém interfira para ajustar ou melhorar sua situação".
"Os tanques estão em frente ao hospital. Estamos sob bloqueio total. É uma área totalmente civil. Apenas pacientes do hospital, médicos e outros civis que permanecem no hospital. Alguém deveria parar com isso", alerta.
O OCHA diz que à meia-noite, entre 12 e 13 de Novembro, acreditava-se que cerca de 600-650 pacientes internados, 200-500 funcionários e 1.500 pessoas deslocadas permaneciam no hospital.
Israel tem afirmado, nos últimos dias, que o hospital Al-Shifa está em cima de uma das sede do Hamas, estando a usar os pacientes do hospital como escudos humanos, algo que o Hamas nega.
Já esta madrugada, as Forças de Israel (IDF) partilharam, na rede social X, uma imagem que mostra o transporte de uma incubadora numa carrinha médica, com a mensagem: "A IDF está a coordenar a transferência de incubadoras de um hospital em Israel para Gaza".
Esta terça-feira, o OCHA informou que nos últimos dez dias, mais de 200 mil pessoas fugiram para o sul da Faixa de Gaza, através de um “corredor” aberto pelos militares israelitas.
Pelo menos 11.240 palestinos foram mortos, incluindo 4.630 crianças e 3.130 mulheres em Gaza, pelos militares israelitas desde 7 de outubro, informou o Ministério da Saúde de Gaza.