Com os Estados Unidos envoltos em protestos e uma vaga de violência, a polícia de Minneapolis quebra o silêncio sobre a morte do afro-americano George Floyd. O chefe da polícia diz que, para si, é claro que os quatro polícias envolvidos na operação que levou à morte deste afro-americano são “cúmplices”.
Um deles, o que colocou o joelho sobre o pescoço de Floyd, Derek Chauvin já foi acusado de homicídio.
Em entrevista à estação de televisão CNN, o chefe Mederia Arradondo, que se juntou a uma manifestação de homenagem a George Floyd, explica que “quer encontrar a forma para sarar a ferida”.
“O senhor Floyd morreu nas nossas mãos. O silêncio e a não ação são cúmplices” por isso, o chefe da polícia considera que os quatro polícias “têm a mesma responsabilidade”, afirma Arradondo.
O agente Derek Chauvin, que esteve nove minutos, com o joelho sobre o pescoço de George Floyd quando ele pedia “ar para respirar” foi já despedido da polícia. Em entrevista à CNN, o chefe diz que não precisou de mais provas para afastar aquele profissional sobre o qual já antes tinham recaído outros processos.
“A verdade da vida é que nós precisamos de ar para respirar”, refere o chefe da polícia.
O responsável daquela força de segurança de Minneapolis, que confessa ter nascido e crescido junto do local onde acabou por morrer Floyd, afirma que, quando viu as imagens que têm corrido mundo, os responsáveis da cidade e a primeira coisa que fez foi “rezar, porque era o que precisava”.
A morte de George Floyd, de 46 anos, foi, nas palavras do chefe da polícia de Minneapolis, “uma violação da humanidade”. “O que aconteceu é o contrário ao que deve acontecer quando vestimos esta farda”, defende o responsável da polícia, que diz que não precisou de esperar semanas ou meses, processos ou burocracias” para saber que o “estava errado”, o que levou à morte de Floyd.
Na mesma edição estavam em direto familiares de George FLoyd. Questionado sobre o que lhes tinha a dizer, o chefe da polícia tirou o chapéu nesse momento e disse à repórter da CNN que “pede desculpas pela perda”, garantindo que “moveria o céu a terra” para trazer de volta a vida George Floyd.
Noutra entrevista, também à cadeia de televisão CNN, o chefe da polícia de Houston, a cidade natal de Floyd, ofereceu a sua equipa para fazer escolta ao corpo do afro-americano quando ele regressar para o funeral.Reações internacionais
O Irão pediu aos Estados Unidos que "parem a violência" contra o seu próprio povo, após a morte do afro-americano George Floyd durante uma detenção realizada pela polícia, que provocou protestos em várias cidades norte-americanas.
"Ao povo americano: o mundo ouviu o vosso clamor sobre o estado de opressão. O mundo está ao vosso lado", disse o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros do Irão, Abbas Moussavi, numa conferência de imprensa em Teerão.
"E às autoridades norte-americanas e à polícia: parem a violência contra o vosso povo e deixem-no respirar", disse o porta-voz aos jornalistas, em inglês, referindo-se à frase utilizada nas manifestações nos Estados Unidos “Não consigo respirar”.
“Lamentamos profundamente que o povo norte-americano, que busca pacificamente o respeito e a não-violência, seja reprimido indiscriminadamente", acrescentou Moussavi.
O Governo australiano recomendou aos seus cidadãos que não viajem para os Estados Unidos, devido aos protestos e “potencial violência” em várias cidades do país, na sequência da morte do afro-americano George Floyd.
“Não viaje para os Estados Unidos da América, incluindo o Alasca, Porto Rico e as Ilhas Havaianas”, refere o alerta emitido pelo Departamento de Negócios Estrangeiros australiano.
O Governo refere que há “recolher obrigatório em vigor em várias cidades depois de protestos violentos”, notando que “mais protestos são esperados e existe um potencial contínuo de violência”.
“Evite todas as manifestações e protestos. Monitorize os media para obter informações sobre os desenvolvimentos mais recentes e siga as instruções das autoridades locais, inclusive obedecendo ao recolher obrigatório”, recomenda.
O aviso atualiza a informação que o Governo australiano já tinha em vigor relativamente ao país, em que recomendava que os seus cidadãos que desejassem sair dos EUA devido à Covid-19, o fizessem “o mais rapidamente possível”.
“Voos limitados para a Austrália estão disponíveis a partir de Los Angeles e São Francisco”, explica.
O Governo chinês denunciou a "doença crónica" do racismo nos Estados Unidos, após a morte de um afro-americano sob custódia da polícia, que desencadeou protestos em todo o país.
A agitação em várias cidades norte-americanas é um sinal da "gravidade do problema do racismo e da violência policial nos Estados Unidos", afirmou Zhao Lijian, porta-voz do ministério dos Negócios Estrangeiros da China, em conferência de imprensa.
Zhao comparou a violência nos Estados Unidos com a que abalou a região semiautónoma de Hong Kong, no ano passado, em reação à crescente influência de Pequim na antiga colónia britânica. Segundo Zhao, a resposta dos Estados Unidos às manifestações contra a violência policial no seu território é "um exemplo dos padrões duplos do país".
"Porque é que os Estados Unidos tratam os manifestantes violentos em Hong Kong e da chamada independência como ‘heróis', enquanto chamam àqueles que denunciam o racismo de 'rebeldes'", questionou.
Pequim acredita que "forças estrangeiras" são responsáveis pelos distúrbios em Hong Kong e classifica os manifestantes mais radicais de "terroristas".