O presidente da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP), D. Manuel Clemente, diz estar “contente e de certa maneira aliviado” com os resultados da primeira volta das eleições presidenciais francesas.
“Relativamente surpreso, porque as indicações já iam mais ou menos nesse sentido, mas contente, claro está, e de certa maneira aliviado, porque a extrema-direita não teve a primeira intenção de voto e porque também todos os outros candidatos - ou quase todos - agora, se propõem reforçar a eleição de Macron”, disse o cardeal Clemente, esta segunda-feira, à agência Lusa, em Fátima, onde tem início a assembleia plenária da CEP.
Para o cardeal patriarca de Lisboa, “é bom para a França, porque só com um clima de integração e desanuviamento e de entendimento entre os vários grupos culturais, religiosos, é que se constrói qualquer país que seja e a França muito em particular, pelo lugar tão central que tem em tudo isto”.
Segundo Manuel Clemente, é igualmente positivo para a Europa, “porque a visão (...) que Macron apresenta é, pelo menos, uma boa maneira de também aí desanuviar o horizonte e se conseguir um passo em frente naquela Europa que todos” desejam.
O presidente da CEP considerou, por outro lado, que a Europa “tem que se reencontrar à base daqueles valores que também a originaram, os valores que depois da II Guerra Mundial e para evitar novos conflitos estiveram na base da construção europeia”.
“São valores de solidariedade entre os vários povos europeus, respeitando cada um naquilo que é e naquilo que quer ser, mas no conjunto, também em termos de direitos humanos, em termos daquilo é a melhor tradição europeia como integração de tantos povos que aqui encontraram caminho e que também connosco são europeus, este é que é o caminho a seguir”, declarou o cardeal-patriarca.
Sobre o crescimento da extrema-direita em França, Manuel Clemente declarou estar “mais preocupado com as razões que levam a esse tipo de crescendos eleitorais e de expressão política”.
“Há insatisfação de grande parte da população, uma parte considerável, expectativas de todo o tipo, sociais e económicas que não são resolvidas, e as pessoas ficam muito propensas a qualquer discurso mais simplista que foque também um objetivo muito preciso, ainda que negativo, ou excludente de outros, que encontre bodes expiatórios para essas mesmas frustrações”, considerou.
Para o presidente da CEP, “este tipo de discurso, quando há descontentamento entre a população, é um discurso que vinga, que singra”.
D. manuel reiterou estar preocupado “com as razões ou com as causas que dão origem a este tipo de discurso e à relativa adesão que eles têm”, o que se obvia “com mais Europa, mais democracia, mais economia, mais solidariedade”.