A Comissão Nacional de Saúde da China anunciou esta terça-feira que vai "investigar seriamente" as declarações do cientista He Jiankui, que na segunda-feira afirmou ter criado os primeiros bebés geneticamente modificados.
O investigador alega que a causa era nobre, dado que a manipulação genética terá sido para garantir que os dois embriões tivessem a capacidade de resistir a uma futura infeção por VIH.
O anúncio está a dividir a comunidade científica. E as autoridades de saúde e ética médica da China já abriram uma investigação ao caso.
A Universidade de Ciência e Tecnologia do Sul, na cidade chinesa de Shenzhen, no Sul da China, onde He Jiankui leciona, já afirmou desconhecer o projeto, adiantando que o cientista estava de licença sem vencimento desde fevereiro.
Numa carta aberta, 120 cientistas chineses consideraram a experiência uma “insanidade” e muitos especialistas em todo o mundo classificaram o trabalho de Jiankui de monstruoso e perigoso.
Em Portugal, a reação também surgiu. A professora de Bioética da Universidade Católica e membro do Conselho Nacional de Ética para as Ciências da Vida Ana Sofia Carvalho garante à Renascença estarmos perante uma técnica de edição do genoma “muito grave”.
A especialista sublinha que estas técnicas ainda estão numa fase muito “precoce”, pelo que os riscos são “muito significativos”.